Após quatro dias de espera, o aposentado Íris Ribeiro de Oliveira, 69, conseguiu às 17h desta última terça-feira (31) uma vaga no Hospital Mário Covas, em Santo André. O Sr. Íris é mais uma vítima que pena no sistema público de saúde em Ribeirão Pires. Após sofrer um AVE – Acidente Vascular Encefálico, popularmente chamado “derrame cerebral“, o aposentado foi internado nesta última sexta-feira (27) em estado grave no Hospital São Lucas.
Como o hospital não possuía um médico neuroclínico, a família do Sr. Íris procurou pela APRAESPI – Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com deficiência de Ribeirão Pires, que providenciou uma consulta com um especialista no domingo.
Na última segunda-feira, o Sr. Íris foi levado a São Bernardo do Campo para uma tomografia, já que Ribeirão Pires não possui os equipamentos necessários, enquanto a família aguardava pelo encaminhamento de um neurocirurgião no Hospital São Lucas para atendê-lo. No entanto, na terça-feira, quando todos os exames já haviam sido realizados, o centro médico ainda não havia conseguido encaminhar um especialista.
A direção então informou que a família precisaria esperar por quatro negativas de hospitais da região para poder encaminhar o paciente para São Paulo afim de ser atendido.
O aposentado Íris Ribeiro de Oliveira foi reconduzido ao Hospital São Lucas e permanece internado em estado grave. A família não sabe se o paciente ficará com sequelas. É importante destacar que as pessoas que sofrem AVE devem receber atendimento médico imediatamente com intervenção cirúrgica por até 5 horas após sofrer o acidente, para evitar problemas graves.
Elisângela Ribeiro, filha do Sr. Íris, esteve ao lado do pai durante todo o processo de atendimento no Hospital São Lucas. Ela classificou a situação da saúde pública em Ribeirão Pires como “muito precária” e lamentou o fato de não existir um médico especializado na área para atender as pessoas no município. A superintendente da APRAESPI, Dra. Lair Moura, se mostrou indignada com a situação da saúde pública municipal: “Em minha opinião, o São Lucas é uma piada, a Santa Casa de Ribeirão Pires é um engodo e o novo Hospital mais parece um supermercado. Os vereadores deveriam requerer uma auditoria de um arquiteto hospitalar para avaliar a atual construção”, disse. Ela ainda comparou a situação da saúde em Ribeirão Pires com a da cidade de Batatais (355km da capital), onde é provedora da Santa Casa local: “Batatais tem 50 mil habitantes, portanto, metade da população de Ribeirão Pires, e a Santa Casa de Batatais possui UTI e Hemodiálise com 19 máquinas para atender pacientes renais crônicos. Por que Ribeirão Pires não tem? Com certeza é por incompetência dos Administradores atuais que infelizmente foram eleitos pelo POVO que acreditaram na campanha política e foram enganados por falcatruas, como é o caso.”
Na eleição de 2004 a o Prefeito Clóvis Volpi (PV) adulterou um documento da APRAESPI e confeccionou um folheto denegrindo a imagem da Dra. Lair, e foi condenado a 8 meses de reclusão, porém pela demora do processo a pena foi prescrita e, mesmo com o crime eleitoral tendo sido comprovado, o prefeito e o vice permaneceram em seus cargos.
Ainda fazendo referência à saúde no município, Lair Moura finaliza com uma alusão à famosa frase romana: “Quousque tandem abutere Catilina patientia nostra? (Até quando abusará o Prefeito de nossa paciência)?”
Por Diego Simi
Especial para o Mais Notícias