A luta pela cidadania plena das pessoas com deficiência avançou muito. Podemos olhar com satisfação para as importantes conquistas nesta área em todo o país. Mas devemos, também, redobrarmos a atenção para que estas conquistas se traduzam em novos avanços do processo civilizatório.
São muitos os caminhos para a inclusão. Passam pela organização da sociedade civil, pelo reconhecimento da importância do tema pelos gestores públicos, pelo avanço da ciência e tecnologia. Passam, fundamentalmente, pelo entendimento de que os direitos humanos apenas serão a realidade de todos quando forem, de fato, a realidade de cada um.
A cidadania em uma sociedade democrática tem seu momento mais significativo nas eleições. É o momento em que todas as diferenças desaparecem na expressão da vontade individual diante da urna: um cidadão, um voto.
O Estado reconhece que as dificuldades podem ser muitas do trajeto de casa às urnas. Mas também dá alternativas, como disponibilizar urnas em locais acessíveis ou permitir que as pessoas com deficiência tenham a ajuda de acompanhantes ao votar.
A lei faculta às pessoas com deficiência a possibilidade de não votar, porém, é preciso exercer o direito de escolha. É fundamental enfrentar, além das barreiras físicas, as barreiras atitudinais.
Não votar é eximir-se da responsabilidade. Vamos nos preparar para estas eleições. É preciso ter informação para votar. Informação inclusive sobre as condições do trajeto para a zona eleitoral, de acessibilidade às urnas e sobre a identificação dos candidatos que defendem os direitos das pessoas com deficiência.
É fundamental que as pessoas com deficiência fortaleçam seu papel de agentes e protagonistas de suas conquistas. É preciso lutar pela sociedade que queremos. É preciso defender e garantir os direitos dos cidadãos, com e sem deficiência. É preciso votar.
Linamara Rizzo Battistella, médica fisiatra, é secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.