Eliana Maciel de Góes
Médica Veterinária
CRMV 4.534
Os distúrbios de comportamento estão correlacionados com o abandono e a eutanásia de cães. As queixas das famílias humanas se referem a frustração entre suas expectativas e o temperamento do animal e aos aspectos do comportamento relacionados com padrões familiares ou raciais caninos (Pastor Alemão: perseguição da cauda; raças de grande porte: dermatite por lambedura; Shitzu: coprofagia).
Dentre os quadros mencionados, as desordens compulsivas caninas são queixas cada vez mais frequentes na clínica veterinária do comportamento. São caracterizadas por comportamentos repetitivos, propositais e intencionais realizados em resposta a uma obsessão (difícil de ser verificada na medicina veterinária) e em condições de ausência de uma doença orgânica de base.
No período de 1 a 2 anos de idade (etapa de maturidade social canina), os sistemas neurais passam por mudanças relevantes. Com o apoio das pesquisas sobre o modo como a genética afeta a expressão de comportamento e sobre os sistemas biológicos que subjazem aos comportamentos patológicos podem-se identificar mecanismos de prevenção e de tratamento:
- Diagnóstico diferencial de outros problemas médicos que podem causar ou contribuir para a expressão de compulsões.
- Identificação e remoção de causas, tais como: estresse ambiental, fontes de excitação e de conflitos.
- Promoção de interação planejadas e estruturadas com a família por meio de jogos, exercícios e alimentação.
- Suspensão de todas as formas de punição e reforço dos comportamentos inadequados.
- Oferecimento de reforço positivo para os comportamentos que são incompatíveis com o comportamento indesejado, por exemplo, recompensar o sentar que é incompatível com o pular.
- Em caso de comportamento indesejável usar distrações e, após obter o almejado, premiar o comportamento adequado.
Fármacos podem ser úteis e eficazes para reduzir sintomas em cerca de 60% dos casos, sempre em associação com manejo ambiental e comportamental.