Amanhã, dia 05, é o Dia Nacional da Prevenção contra Doenças do Coração, uma data dedicada a campanhas e orientações que devem ser seguidas diariamente.
Os números correspondentes a doenças cardíacas são alarmantes. Segundo o Ministério da Saúde, em 2006, 69,4 mil pessoas morreram de enfarte; 90,6 mil de doenças isquêmicas do coração e 63,3 mil de outras doenças cardíacas.
Segundo o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, estima-se que, no Brasil, cerca de 212 mil pessoas morram de morte súbita por ano; 90% delas por causa de arritmia cardíaca passível de ser tratada se for diagnosticada a tempo.
Pela primeira vez no país, uma pesquisa realizada pelo Incor apontou incidência de morte súbita na população da cidade de São Paulo: são 21 mil pessoas acometidas por esse mal a cada ano – a maioria delas (90%) em decorrência de problemas cardíacos. Grande parte poderia ser salva se diagnosticada e tratada a tempo com medicamentos e cirurgia de ablação.
A gravidade desses índices são confirmadas pelo médico Ricardo Carajeleascow, colaborador do Instituto Acqua. “Cerca de 30% das mortes no Brasil são causados por doenças cardiovasculares, aliás, doença cardíaca hoje é a que mais mata no Brasil e quase em todo o mundo. Os hábitos que atualmente as pessoas têm, de correria, de estresse, de trabalhar muito, essa vida louca que a gente leva, associada a hábitos irregulares como o cigarro, a alimentação inadequada, a não prática de exercícios, tudo isso aumenta e muito o índice de doenças cardíacas”, fala ele.
Segundo Ricardo, estudos já mostraram que doenças do coração acometem mais homens do que mulheres. A resistência do sexo masculino no que diz respeito aos cuidados com a saúde e as visitas regulares ao médico é um dos fatores. “Os homens têm hábitos de vida muito piores do que as mulheres e elas também se cuidam muito mais, vão mais ao médico, procuram mais informação”.
Na busca por algo que ajude na prevenção desse tipo de enfermidade, muito se fala dos benefícios do vinho, especialmente o tinto. Estudos dão conta de que os polifenóis – substância presente nas uvas – ajudam a aumentar o HDL (bom colesterol) e que a incidência de doenças cardíacas diminui nas populações de países onde o consumo da bebida é maior. São principalmente países do sul da Europa, onde, além do vinho, se consomem mais peixes, menos carnes vermelhas, mais azeite de oliva, verduras e legumes – a saudável dieta Mediterrânea. Sendo assim, há uma série de fatores que colaboram para um coração saudável e o vinho não está na condição de agente solitário na prevenção dos males desse órgão. O máximo que um médico pode fazer é recomendar moderação (no máximo 2 taças/dia para os homens e 1 para mulheres) se o paciente tiver o costume de tomar vinho. Ricardo reafirma essa tese. “Existem sociedades muito particulares que fazem uso do vinho, assim como sociedades que fazem uso regular de azeite de oliva e que tem uma incidência menor de doenças cardiovasculares. Tudo o que é em pouca dose vai fazer bem para a saúde, não é especificamente o vinho, claro que ele tem alguns componentes, ele é um potente vaso dilatador, dilata as artérias do coração e as outras artérias do corpo, fazendo com que o corpo seja mais bem oxigenado, então, ele acaba prevenindo algumas coisas, mas não é via de regra, a gente não pode dizer pra todo mundo beber para prevenir doença cardíaca”.
As dicas para uma qualidade de vida melhor e um coração batendo forte e sadio não são nenhum segredo e, para cumpri-las, basta ter força de vontade. “Todo mundo se preocupa, todos acham bonito, mas fazer é difícil, então, acho que as pessoas têm que repensar um pouco, olhar o que está acontecendo ao seu redor, se tem doenças cardiovasculares na família a pessoa já tem uma tendência maior a ter esse tipo de problema, enfim, é preciso começar a se olhar de uma maneira diferente. É preciso também ter uma alimentação saudável, não fumar – as pessoas não acreditam, mas o fumo é um dos principais vilões das doenças cardíacas -, não beber, ou se beber, que seja moderadamente, praticar exercícios (30 minutos de caminhada cinco vezes por semana já é suficiente), tentar evitar estresse, tudo isso fará com que você tenha um coração mais saudável”.
E como o amor está relacionado ao coração, o médico deixa mais uma dica: “Amar um pouco mais também vale. Se o amor vem do coração, vamos pensar nisso”, finaliza.