Cuidados neonatais

Cuidados neonatais

Animais - 04 jun, 2019
Raul Carvalho

Os neonatos são os filhotes recém nascidos. Muito delicados, há alta taxa de mortalidade nesta fase. Algumas espécies nascem com olhos e ouvidos ainda fechados, sendo pouco responsivos a estímulos do ambiente. O ponto crítico para os animais que nascem saudáveis é a sensibilidade ao frio e umidade nesta fase.

Como ainda não fazem termorregulação (não conseguem manter a temperatura corporal) suas funções vitais como respiração e frequência cardíaca são diminuídas em caso de necessidade de reter calor e reduzir gasto de energia. Como resposta de compensação do organismo o animal pode chegar a um estágio quase inanimado sendo que grande parte dos óbitos nesta fase de vida ocorre pois o animal morre de frio.

A temperatura corporal ideal para filhotes de cães e gatos de 1 dia está em torno de 34,5ºC e 36ºC, sendo que a temperatura normal do adulto é entre 37,5ºC a 39,3ºC. A temperatura do ambiente para os filhotes deve ser mantida a 32ºC, e animais de portes menores podem ter esta temperatura corporal.

Com o passar dos dias após o parto, a temperatura do bebê vai aumentando progressivamente à medida que adquire gordura corpórea através do alimento (colostro, leite materno ou fórmula). Do 2º dia ao 14º dia de vida, o filhote já deve manter-se entre 36ºC a 37ºC. Caso perceba o animal muito apático, com a língua roxa e corpo frio, ofereça lâmpadas quentes, ambiente com fundo aquecido ou disponibilize garrafas plásticas ou luvas cirúrgicas preenchidas com água quente para que este se aproxime da fonte de calor e se aqueça. Ideal forrar o ambiente com tecidos quentinhos e nestes casos onde há necessidade de intervenção, deve-se tomar cuidado com queimaduras na pele dos filhotes.

Outra causa de morte em recém nascidos são malformações congênitas. Estas podem ocorrer por diversos fatores que envolvem a saúde da mãe durante a gestação e fatores genéticos.

Ao nascimento e até completar o ciclo vacinal inicial, (protocolo já citado anteriormente https://jornalmaisnoticias.com.br/diretrizes-para-vacinacao-caes-e-gatos/) os filhotes devem ser mantidos em ambiente fechado e manter contato apenas com a mãe, pois ainda estão desenvolvendo imunidade e animais adultos podem transmitir doenças que para os filhotes podem ser fatais.

O protocolo vacinal deve ser iniciado a partir dos 45 dias, coincidindo com a fase de desmame. Importante começar as vacinas imediatamente após o desaleitamento pois o leite materno oferece ao filhote grande aporte de anticorpos (principalmente no colostro inicial) e se animal for vacinado ainda mamando, pode haver interação entre antígenos da vacina e anticorpos oferecidos pela mãe, tornando assim não garantida a eficácia da vacinação.

A principal fonte de alimento e água do filhote é o leite materno. Caso haja abandono ou rejeição dos filhotes, deve ser feito aleitamento artificial pelo tutor. Hoje já é possível encontrar nas casas de ração fórmulas de leite em pó específicos para cada espécie. Este deve ser diluído corretamente segundo indicação do fabricante, em água potável aquecida e oferecido aos bebês em pequenas mamadeiras ou seringas de 4 a 6 vezes ao dia. Nestes casos também é necessário realizar o estímulo da urina e defecação com uso de panos úmidos esfregando as genitais simulando a lambida da mãe.

Após 4 semanas de vida o leite já não atende mais suas necessidades energéticas e nutricionais, sendo necessário adaptação do filhote ao consumo de ração. Este deve ser feito aos poucos, podendo ser oferecido inicialmente papinhas prontas ou ração seca umedecida com água morna, estando atento a quantidade de alimento consumida por cada filhote individualmente e a integridade deste alimento pois alimentos úmidos estragam mais rapidamente. Água fresca deve ser disponibilizada a vontade.

Caso perceba alguma anomalia, ou o filhote não urine ou defeque, procure um médico veterinário com urgência a fim de resolver o quadro.