Coronavírus canino e felino não afeta humanos. Entenda um pouco mais sobre coronaviroses.

O surto do Novo Coronavírus humano (Covid-19), tem preocupado a população do mundo todo que tem sido afetada pela disseminação aguda do vírus de forma progressiva. 

Recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia de Covid-19, isso significa que o vírus se espalhou a partir do seu foco de origem na China, para demais continentes e países. As pandemias são mais prováveis com novos vírus, uma vez que a população não tem defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas contra o novo agente, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.

O assunto gerou muita confusão, pois o nome “Coronavírus” já é conhecido. 

Estes tipos de vírus envelopados (daí o nome “corona” remetendo ao termo coroa) são causadores da Síndrome Respiratória Aguda Grave em humanos, Gastroenterite hemorrágica em cães e Peritonite infecciosa em gatos, além de outras doenças em suínos e bovinos mas não são exatamente o mesmo vírus. 

O que os diferem entre si, e de outros vírus transmissores de gripes, é seu material genético (RNA) e proteínas de membrana que os tornam muito particulares em relação a doença causada e hospedeiro afetado (humanos, cães, porcos, morcegos). Eles são categorizados em sub-grupos devido a similaridade, porém são patogênicos para espécies diferentes, sendo que em algumas espécies de animais podem causar doenças, já para outras têm caráter inofensivo.

Os coronavírus, de modo geral, estão associados a diferentes manifestações clínicas em aves, mamíferos, incluindo seres humanos, como encefalite, peritonite (inflamação do peritônio), doenças reprodutivas, hepatite, inflamações renais, doenças do sistema imunológico e, com maior frequência, doenças respiratórias e do aparelho digestório sendo que muitas espécies de coronavírus apresentam tropismo tanto entérico quanto respiratório.

Teorias de sua origem:

Especula-se que, em morcegos, se tenha originado o coronavírus ancestral de todas as espécies desse vírus atualmente conhecidas; esses animais têm sido considerados os reservatórios originais do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS), epidemia que emergiu na China em 2002 e provocou a morte de cerca de 800 pessoas em aproximadamente 8.000 infectadas e do Covid-19 em 2020 (consulte número de casos atualizado).

Entretanto, ainda que haja relações filogenéticas muito próximas entre alguns coronavírus de seres humanos e de outros animais como por exemplo o coronavírus bovino (BCoV), patógeno da diarreia neonatal bovina, e o coronavírus humano OC43 (HCoV OC43), uma das causas de resfriados,  a emergência da SARS e COVID-19 são os únicos eventos zoonóticos (transmissão entre animais e humanos) em doenças causadas por coronavírus, não sendo os demais implicados em zoonoses, incluindo os coronavírus caninos e felinos.

Coronavirose Canina e Felina:

O CCoV coronavírus entérico canino (tema das próximas matérias) pertence a um grupo do gênero Coronavirus, no qual se incluem ainda outros 2 os grupos . Esse gênero viral é inserido na família Coronaviridae da ordem Nidovirales. São conhecidos dois sorotipos de CCoV, denominados I e II, podendo haver coinfecções pelos dois tipos, sendo que ao tipo II são atribuídos os casos mais graves de coronavirose canina.

O CCoV tem relações filogenéticas muito próximas com o coronavírus da gastrenterite suína transmissível (TGEV); propôs-se que o próprio TGEV tenha se originado do CCoV por eventos de recombinação gênica.

Além disso, o CCoV é também geneticamente próximo aos coronavírus felinos (tema das próximas matérias) dos sorotipos I e II, tanto um causador da peritonite infecciosa felina (PIF) quanto o causador de enterites em gatos (FeCoV); foi proposto que o tipo II felino tenha tido origem na recombinação entre o CCoV e o tipo I felino.

O CRCoV coronavírus respiratório canino pertence a outro grupo do gênero Coronavirus, juntamente com os coronavírus bovino e coronavírus humano OC43, por exemplo. Estes possuem o mesmo gênero mas não são necessariamente da mesma família e sorotipo.

O FCoVcoronavírus felino é um RNA-vírus envelopado de fita simples, que também pertence à família Coronaviridae, da ordem dos Nidovirales. O FCoV pode sobreviver mais de 7 semanas em ambientes com baixa umidade, sendo transmitido indiretamente via fômites (como tigelas compartilhadas, brinquedos, roupas, caixa sanitária). 

No entanto, é um vírus frágil, podendo ser inativado à temperatura ambiente em 24 a 48 h e com uso de desinfetantes e detergentes rotineiros.

O FCoV, pertence à mesma classe taxonômica de coronaviroses que o coronavírus canino (CCoV), o vírus da gastrenterite transmissível dos suínos (TGEV), o coronavírus respiratório suíno e algumas coronaviroses humanas como já foi citado. Os coronavírus são os maiores RNA-vírus conhecidos até agora.

Em muitas espécies, os coronavírus apresentam tropismo restrito a um órgão, infectando principalmente o sistema respiratório ou células gastrintestinais. Em felinos e ratos, no entanto, as coronaviroses podem, sob algumas circunstâncias, envolver diversos órgãos. Uma das principais características dos coronavírus é sua grande capacidade de recombinação.

O FCoV pode ser subdividido em dois biotipos, sendo que a maior diferença entre eles está na sequência de uma proteína. Por ser pouco espécie-específico, o CCoV, que causa diarreia em cães, também pode infectar os gatos, que desenvolvem anticorpos que manifestam reação cruzada. Ambos os biotipos do FCoV podem causar peritonite infecciosa felina.

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Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.

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