Cemitério indígena no Pilar abre debates

Índios de variadas etnias (Guarani, Ticuna, Pataxó, entre outras) e mostras da cultura indígena marcaram a abertura da 75ª Festa de Nossa Senhora do Pilar, no último domingo (1º).

O festejo teve início com a tradicional missa, às 10h. Depois, no palco central, aconteceu a cerimônia de resgate histórico do cemitério do Pilar, onde o historiador indígena e violonista, Robson Miguel, apresentou-se com o Coral de Índios, para a execução do hino nacional em guarani. Durante a apresentação, o secretário da SEJEL (Secretaria de Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo), Guto Volpi, recebeu uma certidão com nome indígena – Awa Jaguaretê -, que significa Homem Onça Verdadeiro.

Diversas etnias reuniram-se na abertura da 75ª Festa do Pilar

O tema proposto por Robson em relação ao cemitério indígena descoberto atrás da Capela do Pilar tem gerado debate nas redes sociais. Internautas indagam se houve algum estudo realizado por antropólogos e arqueólogos e escavações no local que comprovem o fato. Guto disse que os debates são ótimos. “É assim que as coisas são descobertas, vem à tona e podem ser resgatadas. Quem está pilotando o estudo indígena é o Robson Miguel, que é a autoridade em Ribeirão para isso. Hoje, no Consórcio, tem um grupo de debate sobre índios urbanos e que a gente está se envolvendo com isso, justamente para passar a eles, a partir de já, essa tese e essa reorganização da cultura indígena no ABC. Há uma estatística de que existe na região mais de 8 mil índios. Acho justo e pertinente estar trabalhando isso e os grupos tem que se unir, as discussões tem que acontecer e essa coisa tem que avançar”. Sobre a possibilidade de haver alguma escavação na área, ele falou: “Acho que o Consórcio vai levantar essa bandeira, porque é um grande lance para consolidar toda a história indígena do ABC, que é inegável”.

Robson Miguel diz que não há muito que contestar: “Tudo o que foi escrito sobre a Igreja do Pilar ao longo dos anos, os próprios historiadores antigos afirmam que existem provas claras e evidentes de que a Igreja foi construída com mão-de-obra indígena. A existência e a evidência da presença indígena do Tronco Tupi nessa área é indiscutível. Até hoje, aonde um cacique, um pajé é enterrado, o povo Tupi planta uma árvore de longevidade. Embora as árvores que estão aqui são araucárias vinda da Europa, trazidas pelos padres, tenho certeza que não tem nenhum padre enterrado embaixo dessas árvores, porque eles eram enterrados dentro das igrejas”, fala ele, que completa: “Não só a Prefeitura está vendo esse interesse (escavação) como a própria comunidade indígena, porque a gente sabe que a preservação de fato vai acontecer quando o documento de um antropólogo agregar à essa festa. Nós queremos que a equipe do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) venha para fazer todo o trabalho antropológico”.

Para Robson, o resgate histórico trazido pela festa tem uma enorme valia para a comunidade indígena. “Foram 74 festas indígenas onde o índio nunca foi respeitado, nem lembrado. Sempre convidaram os brancos, os negros, mas nunca convidaram a comunidade indígena e agora, nessa 75ª festa, o nosso secretário, após um pedido meu, da necessidade de trabalhar pela inclusão social, inseriu o indígena nesse contexto, porque dentro da Igreja do Pilar é claro e evidente que ela está toda construída com taipas indígena, então, o índio está nessa história e hoje está aqui pela primeira vez”.

Estrutura – Ao longo da área da festa, 19 totens contam um pouco da história da cidade. Além da fundação da capela do Pilar, os carroceiros e a famosa Mula Menina também são lembrados, inclusive com um cenário onde há cavalos e um carroceiro de brinquedos. Toda a estrutura da festa será mantida após o término da mesma. “A estrutura é permanente para que as pessoas tenham acesso a isso fora do itinerário de festas, torna-se um atrativo turístico a mais”, falou Guto, que afirmou a pretensão trazer ao local outros eventos, como a Festa Junina e a Festa do Migrante. “A proposta é convidar a população a vir mais vezes para o Pilar”.

Culinária e artesanato são atrativos na 75ª Festa do Pilar

O público que esteve presente no primeiro dia da 75ª Festa de Nossa Senhora do Pilar pode provar e aprovar a culinária e as barracas de artesanato que estão montadas no evento que continua neste final de semana, dias 06, 07 e 08.

Dentre as opções gastronômicas da festa, destacam-se os lanches variados, espetinhos, doces típicos, fondues de fruta, churros e crepe no palito, além de refrigerante, choconhaque, chocolate quente e outras delícias.

Bárbara Soares, 24 anos, moradora de Ribeirão Pires, prestigiou o evento e elogiou a variedade gastronômica. “É um programa muito gostoso para o domingo. Pude encontrar uns amigos e comer alguma coisa diferente”, contou a estudante.

Além das opções para o paladar, os visitantes também encontram diversos artigos artesanais e religiosos, além de brinquedos, panos de prato pintados à mão, bijuterias e até mesmo artigos indígenas à venda.

Trenzinho é sensação

Consciente de que o público para a Festa de Nossa Senhora do Pilar é diversificado, a organização do evento se preocupou em arrumar uma maneira divertida para que os idosos, necessitados de cuidados especiais, crianças e população em geral chegassem até a capela do pilar: o trenzinho.

Pintado de cores diversas e alegres, o trenzinho transporta aqueles que preferem não subir a escadaria

Pintado de cores diversas e alegres, o trenzinho transporta aqueles que preferem não subir a escadaria. Dessa maneira, todos os munícipes e visitantes podem aproveitar a festa e prestigiar os shows, a culinária e as missas que acontecem no local durante os dias de festividades.

 

Veja a programação completa deste fim de semana

06/05 Sexta-Feira
Palco 18h00min – 19h30min Ricardo & Marcel Sertanejo Raiz
Igreja 19h00min – 20h00min Grupo Orbe Música Tradicional do Brasil
Palco 20h00min – 22h30min Caravana da Terra FM Variado
 

07/05 Sábado

Palco 14h00min – 15h15min Pedro Mulato e João Ramalho Sertanejo Raiz
Arena 15h30min – 16h45min Narradores de Cordel Toadas e Narrativas de Cordel
Palco 17h00min – 18h00min Ricardo & Marcel Sertanejo Raiz
Palco 18h00min – 19h20min Banda Explosão Sertaneja Sertanejo Raiz
Igreja 19h00min – 20h00min Padre Renato Bortolaço Missa
Palco 19h30min – 20h50min Banda Clawz Sertanejo Raiz
Igreja 20h00min – 21h00min Grupo Orbe Música Tradicional do Brasil
Palco 21h00min – 22h30min Teodoro & Sampaio Sertanejo Raiz
 

08/05 Domingo

Igreja 10h30min – 11h30min Diácono Wanderson Cintra Celebração
Palco 14h00min – 15h15min Grupo Folclórico Catira Az de Ouro de Mauá Sertanejo Raiz
Arena 15h30min – 16h45min Narradores de Cordel Toadas e Narrativas de Cordel
Palco 17h00min – 18h00min Orquestra de Violeiros e Berranteiros de Mauá Música Instrumental e Raiz
Palco 18h00min – 19h20min Banda Clawz Sertanejo Raiz
Igreja 19h00min – 20h00min Grupo Orbe Música Tradicional do Brasil
Palco 19h30min – 20h50min Banda Explosão Sertanejo Raiz
Palco 21h00min – 22h30min Renato Teixeira Sertanejo Raiz
 

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