Artigo: Fraudes no INSS, um roubo contra o povo que exige respostas da CPMI

Enviado pela Professora da FGV e Deputada Federal por SP Adriana Ventura

O Brasil assiste, estarrecido, a um dos maiores escândalos de fraudes da história recente: o desvio bilionário de recursos do INSS. Dinheiro que deveria garantir aposentadorias e pensões legítimas foi parar nas mãos de atravessadores, servidores corruptos e quadrilhas organizadas. O impacto vai muito além dos cofres públicos: cada fraude é um golpe direto contra o trabalhador honesto, contra a família que depende do benefício para sobreviver, contra o idoso que contribuiu a vida inteira.

É revoltante constatar que, enquanto milhões de brasileiros aguardam meses por uma análise de benefício ou enfrentam filas intermináveis para obter atendimento, criminosos enriqueceram explorando brechas e a ausência de controles eficazes. E a conta recai sobre todos nós — seja pelo aumento do rombo fiscal, pela necessidade de mais impostos ou pela redução de recursos destinados a serviços essenciais como saúde e educação.

Diante desse quadro, a instalação da CPMI do INSS, ocorrida hoje, 20 de agosto, representa um passo fundamental. E já tivemos a primeira vitória: a presidência e a relatoria ficaram em mãos que garantem mais independência e transparência aos trabalhos. Essa derrota do governo na largada reforça a esperança de que a comissão cumpra sua missão de investigar a fundo e com seriedade.

Mas não podemos aceitar que uma investigação desse porte se transforme em palanque político ou em acordão de bastidores. O país exige resultados concretos. Uma comissão séria precisa atuar com método, transparência e técnica. Isso significa estabelecer um plano de trabalho objetivo, com cronograma de entregas, cruzamento de dados entre INSS, Dataprev, CGU, TCU, Polícia Federal e Ministério Público, além da realização de perícias e auditorias independentes. O foco deve ser mapear o modus operandi das fraudes, quantificar com precisão as perdas, identificar e responsabilizar envolvidos e propor mudanças legais e operacionais.

As soluções estão ao alcance: implementar pente-fino contínuo, ampliar o uso de biometria e sistemas antifraude, reforçar a prova de vida, bloquear preventivamente pagamentos suspeitos e recuperar ativos desviados. Mas, para que isso funcione, o relatório final da CPMI deve ser implementável, com prazos e custos definidos — e não apenas um documento retórico que se perca nas gavetas do Congresso.

Minha missão na CPMI será clara: combater blindagens, resistir ao espetáculo vazio e lutar por um relatório robusto, técnico e transparente. Fraude no INSS não é uma estatística fria — é roubo contra o povo brasileiro. E esse roubo não pode, em hipótese alguma, acabar em pizza.

Deputada Federal Adriana Ventura, Partido NOVO

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