Publicação realizada pela Pólen Coletiva reúne 46 artistas da cidade e ficará disponível gratuitamente no Instagram do projeto Vereda a partir do dia 8 de agosto.
Para reconhecer e fortalecer o artesanato de Ribeirão Pires, o projeto Vereda, idealizado e produzido pela Pólen Coletiva, realizou uma pesquisa e mapeamento inédito das artesãs e artesãos locais. O material, criado a partir de entrevistas e sessões fotográficas em parques da cidade e em visitas a ateliês, foi reunido em uma publicação que ficará disponível para visualização e download gratuito no perfil no instagram.com/veredadacultura) a partir do dia 08 de agosto. O catálogo, assinado pelo designer gráfico Thiago Vaz, foi elaborado em formato vertical (750×1335 pixels) para facilitar seu manuseio em smartphones e conta com 142 páginas.
Ao todo, 46 artistas que moram e atuam em Ribeirão Pires tiveram suas trajetórias, processos e obras documentadas na publicação. Segundo o levantamento, 87,7% das participantes desta edição do projeto são mulheres e 55% atuam com a área têxtil, que inclui a costura criativa e técnicas com fios como crochê, tricô, bordado e macramê. “Ribeirão Pires tem um enorme potencial e uma fértil e rica produção cultural que merece ser valorizada e estimulada”, aponta a socióloga e artesã Valentina Amaranta, integrante da Pólen Coletiva. O grupo, formado pelas artistas Monique Amaral, Paula Lira, Roberta Alves e Valentina Amaranta, também acredita que o artesanato precisa ser reconhecido como atrativo turístico.
Para Valentina, Vereda “cria um ponto de encontro e uma rede de união entre as artesãs e artesãos, que foram se conhecendo, se aproximando, e principalmente, aumentando a admiração e respeito entre eles à medida que o trabalho avançava”. Ela calcula terem mapeado cerca de um terço das artesãs atuantes na cidade nesta edição, “o agravamento da pandemia e o aumento das restrições de isolamento no início do ano dificultaram a participação de muitos artistas e até a nossa locomoção”. Mas reforça que o grupo tem buscado novos editais para conseguir os recursos necessários para ampliar e completar o mapeamento em próximas edições. O projeto foi contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc, realizado em 2020 pela Secretaria da Cultura, Juventude, Esporte e Lazer (SEJEL) da Prefeitura da Estância Turística de Ribeirão Pires com apoio do Conselho Municipal de Políticas Culturais.
O nome veio da relação com os caminhos que se abriram com o projeto, os que precisam ser abertos e as brechas por onde a arte e a cultura têm caminhado. “É um caminho que pode levar a uma maior valorização, uma vitrine para esses artistas e, consequentemente, um jeito de abrir novos horizontes para a arte local e regional”, comenta a professora e artesã Roberta Alves, outra integrante da coletiva, “são trilhas ainda a serem demarcadas, feitas de forma manual, natural e pequena”, complementa. Ela destaca ainda que a publicação procura reconhecer os artesãos como pessoas que contribuem para o desenvolvimento da cidade.
A criação deste acervo busca ser uma ferramenta para o fortalecimento da produção artesanal de Ribeirão Pires, como também para a elaboração de novas iniciativas culturais e políticas públicas, voltadas à formação e a economia criativa. Em 2019, dados do IBGE apontaram que o artesanato movimenta cerca de 50 bilhões por ano no país e é fonte de renda para aproximadamente 10 milhões de pessoas. O projeto também vai de encontro com algumas das diretrizes da Lei 13.180/2015 que reconhece o artesão como profissão e prevê a divulgação do artesanato como expressão da diversidade cultural brasileira.
Para dar ainda mais visibilidade às produções e às mãos por trás delas, cada participante teve suas histórias e fotos publicadas também no perfil da Vereda no instagram.com/veredadacultura). Além disso, as fotos produzidas foram enviadas a cada artesão para que pudessem divulgar individualmente seus trabalhos.
SOBRE A PÓLEN COLETIVA
A Pólen Coletiva nasceu do caos da pandemia e no terreno fértil da mobilização de artistas que formou o Fórum de Cultura de Ribeirão Pires e reativou o Conselho Municipal de Política Cultural em 2020. Um grupo formado por quatro mulheres artistas de origens, formações, habilidades e especialidades diferentes: Monique Amaral, Paula Lira, Roberta Alves e Valentina Amaranta, que decidiram se unir para criar e semear projetos culturais, andando em brechas e abrindo caminhos para incentivar, valorizar e fortalecer a arte e a cultura de Ribeirão Pires e região. Inspiradas pela força coletiva e feminina da natureza, o nome surgiu das sementes, brotos e flores em seu processo de espalhar e multiplicar, que representa um dos maiores objetivos do grupo. A coletiva foi responsável pela criação e realização da primeira edição da MATUTA – Mostra de Artes Gráficas e Literárias Independentes de Ribeirão Pires, que aconteceu em março deste ano, e pela CRIA – Oficinas Criativas, que ofereceu cursos gratuitos nas áreas da fotografia, papel, dança e costura ao longo dos últimos meses. Ambos os projetos, também foram contemplados pelo edital da Lei Aldir Blanc de 2020.
Roberta Alves é artesã há 25 anos, iniciou com ponto cruz e passando por diversas técnicas como pintura em madeira, vagonite e costura criativa. Desde 2009, confecciona bonecas de pano e desde 2014 tem aprimorado algumas técnicas. Foi proponente da CRIA – Oficinas Criativas e ministrou a oficina Boneca e Livro de Pano para Contação de História. Atuou como assistente de produção na primeira edição da MATUTA – Mostra de Artes Gráficas e Literárias Independentes de Ribeirão Pires. Roberta é formada em Ciências Biológicas na Fundação Santo André, foi professora de biologia por cinco anos na rede estadual de ensino e, atualmente, estuda Tecnologia de Polímeros na Fatec/Mauá.
Valentina Amaranta é imigrante, artesã e socióloga. Formada em Sociologia pela Fundação Santo André, é artista-ativista chilena do movimento em prol da valorização da cultura local. Seus trabalhos procuram reconhecer e valorizar a diversidade de técnicas ancestrais utilizadas pelas culturas precolombinas. Atualmente, experimenta criar em madeira com a técnica de xilogravura e encadernações artesanais. É proponente e atua na produção da VEREDA, projeto de documentação do artesanato de Ribeirão Pires. Ministrou a oficina Papel Reciclável e Técnicas de Impressão, na CRIA – Oficinas Criativas. E participou também da primeira edição da MATUTA – Mostra de Artes Gráficas e Literárias Independentes de Ribeirão Pires, como assistente de produção.
Monique Amaral transita entre as artes visuais e do corpo. É fotógrafa desde 2007, formada em Dança Contemporânea pela Escola Livre de Dança de Santo André. Estudou Iluminação Cênica por três semestres na SP Escola de Teatro. Formou e integrou o Coletivo Apoena, com o qual atuou em projetos de dança em diálogo com outras linguagens artísticas, pesquisando videodança, dança-teatro e improvisação. É fotógrafa de cena no projeto “Tentativas de Descanso”, contemplado pelo ProAC 04/2020. Participou da produção da MATUTA e da CRIA – Oficinas Criativas. Ministra as oficinas “Corpo Fotográfico – um Laboratório de Presença” e “Percepção Corporal e Práticas Criativas”. Pesquisa a relação corpo-espaço-imagem, além de estudar permacultura e práticas para uma vida em equilíbrio com o meio ambiente. Também integra o Coletivo Apocalípticas.
Paula Lira é fotógrafa, jornalista e produtora cultural, atua na área de comunicação desde 2009 e fotografia desde 2015. É docente de fotografia no Senac Lapa Scipião e faz parte da produção da MATUTA – Mostra de Artes Gráficas e Literárias Independentes de Ribeirão Pires e da CRIA – Oficinas Criativas. Pesquisa sobre autoconhecimento, regeneração, meditação, a relação dos seres humanos com o sagrado e a natureza, o resgate de saberes ancestrais, além de novas narrativas. Já passou pelo canal Arte 1; Ecovias; ONG Teto e Festival de Fotografia de Paranapiacaba. Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Santos, Técnico em Processos Fotográficos pelo Senac São Paulo e Produtor Cultural pelo Senac São Paulo.
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Vereda
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