ARGUMENTOS OPORTUNISTAS

Nelson Camargo
São os argumentos dos partidos políticos. Quando estão na oposição são contra aumento de impostos, contra todas as medidas impopulares possíveis. São os campeões da moralidade e prontos para denunciar atos de malversação do dinheiro público e outros atos de corrupção. São contra medidas que possam tornar o partido adversário, que está no poder, mais popular e forte. Para citar exemplos concretos e mais recentes, o PT, quando oposição, foi contra do plano real e a lei de responsabilidade fiscal. Também foi contra o parlamentarismo ao contrário de outros partidos que também estavam na oposição como o PCdoB e o PSDB. Isso porque achavam que o Lula venceria as próximas eleições e que o parlamentarismo era para tirar-lhe o poder centralizador. Acabou perdendo para o Collor que, devido ao direito que lhe facultava o presidencialismo, passou a governar através de medidas provisórias. A mais catastrófica de todas foi a que confiscou o dinheiro da população que estava na poupança com o famigerado Plano Collor.
Collor, numa dessas estranhas argumentações oportunistas, durante sua campanha eleitoral para presidente, afirmou que caso o seu então adversário Lula vencesse a eleição, o dinheiro da poupança seria confiscado. Na verdade foi ele, Collor, que acabou cometendo esse ato absurdo que imputara a seu então concorrente. Aliás, os partidos que apoiaram o presidencialismo como o PT de Lula, acabaram indiretamente sendo responsáveis por aquele confisco, pois, caso o parlamentarismo tivesse sido implantado, Collor não teria tido poder para confiscar a poupança.
Dilma, na recente eleição para presidente, disse que se Aécio fosse eleito, tomaria medidas de recessão prejudicando a o desenvolvimento do país e a população mais carente. Quando eleita, nomeou Joaquim Levy para ministro da Fazenda, amigo e da equipe econômica de Ermínio Fraga, aquele que seria o ministro da Fazenda de Aécio e que ela tanto criticou durante a campanha eleitoral. Para o Banco Central, nomeou Alexandre Tombini, da mesma linha de Ermínio Fraga.
Durante a campanha, qualquer menção da oposição para apurar os roubos da Petrobrás era visto pelo governo como “golpe baixo eleitoreiro e tentativa da denegrir a imagem da Petrobrás, orgulho da nação!” (Ou dos ladrões?).
Depois das eleições, o governo “convida” a oposição a calar-se diante de qualquer escândalo, pois venceu as eleições e é necessário descer do palanque. Estranho argumento! Antes não se podia falar porque era medida eleitoreira. Depois não se pode falar porque a eleição acabou? Nunca se poderá falar? Por acaso, após a eleição foi implantada uma ditadura e a oposição tem que aceitar tudo calada? Instalou-se um regime autoritário e monopartidário?
Todos os partidos, como os seres humanos, acabam tendo argumentos contraditórios. O problema é que alguns políticos, de alguns partidos são inescrupulosos e para eles vale fazer qualquer coisa para vencer uma eleição na marra. Não têm a menor vergonha em utilizar a mentira mais deslavada, o argumento mais simplório, porém eficiente para iludir o eleitor menos informado. Assim, com a utilização desses argumentos oportunistas, politiqueiros adquirem poder em detrimento do bem estar povo que vai sendo feito de otário.

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