Antônia Maria de Souza frequenta espaço público uma hora por dia na busca de bons livros
“Trabalhei grande parte da minha vida na roça e não conseguir ler. Hoje, aos 82 anos, quero fazer da leitura um hábito e é por isso que estou vindo ao CHL (Centro Histórico e Literário) Ricardo Nardelli quase todos os dias”, disse a aposentada Antônia Maria de Souza, enquanto virava mais uma página do livro “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Nem a leve garoa que caia na manhã desta quinta-feira (26) a impediu de caminhar até o prédio para manter o ritmo de leitura. Sozinha na mesa, Antônia parecia mergulhar na história contada no livro, como se fizesse parte dos moradores que vivem em Taperoá, cidade em que se passa o conto de Suassuna.
“Eu sempre gostei de ler e até queria ser professora quando era criança, mas meu pai me colocou para trabalhar muito cedo. Tive que desistir de pegar no giz para cortar lenha e aprender a ser uma carvoeira”, disse Antônia. “Minha vida também daria um bom livro, um romance”, brincou.
A vontade de ler, mesmo depois da aposentadoria, surgiu quando Antônia participava das atividades do CRI (Centro de Referência ao Idoso) de Ribeirão Pires. Em contato com outros frequentadores, a aposentada participou de cursos de ginástica, de dança, de costura e até mesmo de aulas de como mexer em smartphones.
“Estou sempre buscando alguma coisa para fazer e participo das atividades do CRI desde o começo. Foi lá que comecei a pensar em ler mais, buscar mais alguma coisa para ocupar a mente. É sempre bom”, explicou Antônia.
A ideia da octogenária é de ficar pelo menos uma hora por dia no CHL, para que possa desfrutar das leituras que contém ali. Influenciada pela Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires) deste ano, que homenageou o escritor Ariano Suassuna, Antônia se prepara para começar a lei “A Pedra e o Reino”, mas somente depois que terminar “O Auto da Compadecida”.
“Esse contato com a leitura é como se fosse um retorno, uma busca ao passado. Estudei até a terceira série (atual terceiro ano do ensino fundamental) e tive que trabalhar. Não quero dizer que estou correndo atrás de um tempo perdido, mas sim que buscando uma vontade que ficou para trás”, relatou Antônia
Intenção da octogenária Antônia Maria é de frequentar o CHL pelo menos uma hora por dia para exercitar leitura