A Terapia Assistida por Animais (TAA) tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas através dos benefícios terapêuticos que a relação Homem-Animal pode proporcionar. Consiste em tratamentos na área da saúde, onde um animal é co-terapeuta e auxilia o paciente a atingir os objetivos propostos para o tratamento com maior descontração.
Além de promover saúde física e emocional, contribui para desenvolver iniciativas que tornem o mundo mais humano onde crianças e adultos demonstrem empatia, compaixão e responsabilidade pelos animais, natureza e outros seres humanos.
Está se tornando cada vez mais comum que os pets colaborem para a recuperação de pacientes dos mais variados casos clínicos como …
Nem todos os animais tem perfil para ser terapêuta. Este deve ser treinado, ter comportamento tranquilo, dócil, que aceite abraços, beijos e apertões, sem que reaja com estranhamento. Os animais mais comuns usados na terapia são os cães e os cavalos, mas gatos, jabutis, peixes, coelhos e aves também podem e são usados nesse tipo de projeto. Até mesmo botos, cobras e aranhas, animais bem mais exóticos, podem auxiliar na terapia com animais.
Segundo Laís Milani, psicóloga e membro da diretoria da área de Terapia Assistida por Animais do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (Inataa), em 1955 a psiquiatra Nise da Silveira relatou os benefícios desta interação no convívio de seus pacientes esquizofrênicos com cães e gatos adotados pela instituição onde atuava.
Há literatura médica extensa sobre a relação entre animais e o tratamento de doenças cardíacas por exemplo. Estudos comprovaram que tutores de cães e gatos apresentam taxas menores de colesterol e triglicérides que aqueles que não tinham animais. Ambas as taxas favorecem a aterosclerose (placas de gordura que entopem as veias e artérias) causa comum de infartos e outros problemas no coração. Além disso, ter um animal de estimação faz com que pacientes com maiores riscos de problemas cardiovasculares, por apresentarem fatores de risco como fumo e excesso de peso, melhoram seus hábitos, rotina e qualidade de vida ao adquirir um animal de estimação.
Os animais terapêutas, independente da espécie, podem ajudar os seres humanos fisicamente, cognitivamente, emocionalmente e nas relações com outras pessoas e o meio.
Exercícios nos quais é requerido que o paciente se movimente, levante, ande ou corra em conjunto com o cão por exemplo também é trabalhado sobretudo a interação com ele, com o objetivo de recuperar a mobilidade perdida.
Nas relações trabalha-se diretamente com a motivação, fazendo com que o paciente interaja com o meio sobretudo, com o animal e outras pessoas, conseguindo assim que se sinta seguro e confortável além de tirar o foco da pessoa para o tratamento, tornando-o mais leve aumentando o progresso do paciente.
Crianças autistas apresentam diminuição nos comportamentos negativos, como agressividade, alienação, isolamento, entre outros com a presença de animais nas seções além de estimular o desenvolvimento psicomotor, linguagem, comunicação não-verbal e mais elevados níveis de auto-estima e competência social.
Hiperativos também encontram benefícios pois o animal pode deixar a criança mais calma, podendo até contribuir para reduzir a dose de medicação calmante caso faça uso.
Em um estudo com crianças com TEA em tratamento com cães, observou-se menos comportamentos indicativos de estresse e um maior número de comportamentos sociais em comparação a terapia sem o cão presente. Foi relatado aumento do contato visual, de condutas afetivas, sorrisos, diminuição de condutas negativas como condutas auto agressivas, agressões verbais, agressões físicas ao terapeuta e a objetos e diminuição do isolamento.
Com idosos, os animais podem auxiliar em pacientes com alzheimer reduzindo o impacto emocional da doença. Eles podem estar estressados, revoltados, mas na presença do animal, começam a contar histórias de vida, falar de seus problemas e reduzem a carga emocional. Atuam na reabilitação neuropsicológica, processo no qual visa desenvolver o melhor funcionamento cognitivo, retardando a progressão da demência para que o indivíduo possa manter, por um período maior, certa autonomia de suas funções cognitivas.
No tratamento do câncer, principalmente que envolva quimio e radioterapia, o convívio com animais promove maior interação com os profissionais envolvidos no tratamento, alívio da dor e desconforto, redução da ansiedade e de sintomas depressivos, diminuição da sensação de solidão ocasionada pelo tratamento.
Na reabilitação de pacientes de um derrame cerebral, vítimas de acidentes ou portadores de paralisia cerebral, entre outros quadros que envolvem a paralisia o tratamento é baseado em fisioterapia e envolve uma queda de autoestima dos pacientes, portanto a interação com os bichos pode ser fundamental para evoluir a parte motora e também atuar no aspecto emocional do paciente.
Crianças com paralisia cerebral se beneficia principalmente nos aspectos cognitivos, motores e emocionais. Os cães, por exemplo, podem ser usados durante os exercícios inclusive, o que tira o foco do tratamento para a doença, e o torna uma brincadeira, mesmo para o adulto.
Na equoterapia (terapia com cavalos) a andadura do animal imprime movimentos tridimensionais, ou seja, em três eixos distintos para cima e para baixo, para um lado e para outro e para frente e para trás, que são estímulos somatossensorial, proprioceptivos e vestibulares para o praticante cavaleiro.
Auxilia a desenvolver o controle postural do praticante pelo estímulo, desenvolver equilíbrio, reações de ajuste, de defesa e de endireitamento corporais.
A terapia com animais é indicada em diversos tipos de transtornos comportamentais, incluindo depressão, fobias, transtorno de pânico, obsessivo-compulsivo, dependência química, transtornos alimentares, déficit de atenção e hiperatividade, dentre outros.
É comprovado que o contato com os animais ajuda a liberar os chamados “hormônios do bem”, endorfinas, prolactina e ocitocina por exemplo que atuam regulando as taxas de cortisol (hormônio do stress) no organismo. A interação homem-animal traz uma sensação de bem-estar e conforto, resultando na diminuição dos níveis de adrenalina, que está relacionado ao aumento da pressão arterial e essa convivência libera o hormônio acetilcolina, que está relacionada ao estado de tranquilidade, diminuição da pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e função normal do organismo.
Em casa, o animal de estimação aumenta a autoestima, senso de valor próprio, o estabelecimento de hábitos positivos e o interesse pelo outro e ainda pode ajudar com atividades específicas. Tudo isso pode beneficiar pacientes uma vez que ocorre aumento da produção e liberação da serotonina e dopamina, hormônios responsáveis pela sensação de prazer e alegria, após 15 a 20 minutos de interação com um cão.
Os Cães-Guias foram os primeiros cães de assistência a serem treinados no Brasil, e por isso os mais populares. Ajudam a guiar pessoas com deficiência visual evitando acidentes e permitindo aumentar sua autonomia. Cães Ouvintes fazem trabalho de assistência para pessoas com deficiência auditiva, sinalizando alertas importantes como quando toca o telefone, a campainha, ou quando o bebê está chorando ou um alarme de incêndio.
Cães de Serviço podem auxiliar em diferentes tipos de dificuldades e cada um deles é treinado para ajudar de forma específica aquela pessoa ou aquele tipo de deficiência ou patologia como Cadeirante uma vez que os cães de serviço podem auxiliar na mobilidade das pessoas para que elas possam ter mais autonomia na sua vida diária. Os cães aprendem a acender as luzes, buscar objetos que caem no chão, chamar o elevador, abrir portas, buscar objetos dentro de armários e gavetas, ajudar a pessoa a despir-se etc.
Os cães para pessoas com Diabetes tipo 1 já é uma realidade. Estes são treinados para identificar através do olfato quando a pessoa tem uma queda de glicose no sangue.
Para tutores com Epilepsia, que geralmente não tem cura, os cães de assistência são ensinados a identificar uma crise alertando os familiares para tomar as devidas medidas. Em muitos casos de pessoas que possuem um cão como ajuda, percebem a redução da frequência das crises convulsivas.
A terapia com animais promove a reconstrução de atividades da vida diária do paciente através da estruturação da rotina, inserindo novas atividades com a ajuda do animal além do bem estar emocional que também proporciona o bem estar físico, baixando a frequência cardíaca e a pressão arterial, diminuindo os níveis de ansiedade e criando um estado de relaxamento e maior segurança para o paciente, melhorando sua qualidade de vida e evolução no tratamento.
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Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.
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