Um projeto desenvolvido pelo engenheiro Rafael Vieira de Souza tende a colaborar com o tratamento de pacientes com anemia falciforme. Souza desenvolveu um novo modelo de bomba de infusão (aparelho usado para aplicar medicamentos na medida certa) cujo custo de produção e distribuição reduz drasticamente, colaborando, assim, com o tratamento da doença a nível internacional.
Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos) caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. Essa condição é mais comum em indivíduos da raça negra, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda.
Hoje, pessoas com anemia falciforme, cerca de 60 mil só no Brasil, precisam usar um aparelho que custa aproximadamente R$ 2.500. Esse equipamento injeta o fluído medicinal de forma contínua em um período entre quatro e oito horas diárias. A ‘bomba’ é presa à cintura do paciente que pressiona uma seringa que contém o medicamento. O uso deste equipamento é feito, geralmente, durante o período noturno para não prejudicar a rotina do paciente. O procedimento implica em certos incômodos como: peso do equipamento, dificuldade de manuseio, incompatibilidade com seringas comerciais padrão, alto risco de infecção por contaminação do aparelho, troca constante de baterias, dificuldade de constatar que o equipamento está avariado, ruído de funcionamento elevado e o alto custo de aquisição.
O novo projeto vem com uma inovação que fará com que a vida do paciente seja muito mais prática. “Para resolver estes problemas, é proposta uma alternativa nacional que não utiliza baterias elétricas ou outros componentes eletrônicos, o que torna o equipamento mais leve, silencioso, simples, barato e descartável”, informa o criador do sistema, Rafael Souza. Nesta alternativa, a bomba de infusão utiliza um reservatório à baixa pressão. Esse reservatório pode ser uma outra seringa com o bico bloqueado. Assim, quando o embolo é puxado, forma-se uma região de baixa pressão capaz de gerar a força necessária para a infusão.
A produção dessa nova seringa injetora’, em larga escala, pode produzir um produto com preço final ao consumidor de apenas R$ 2,50. “O próximo passo, para que o produto esteja disponível no mercado, é necessário fazer uma associação com um fabricante de seringas ou obter apoio governamental para fabricar seringas adaptadas às necessidades deste produto”, explica Rafael, que ainda aguarda o apoio de entidades privadas ou do governo para iniciar a produção efetiva do produto.
No caso de parceria, em apenas três meses e com investimento inicial de R$ 500.000,00 já é possível fabricar 1.200.000 unidades mensais, capazes de abastecer todo o país.
Dados recolhidos e organizados junto à OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que existem cerca de 400 mil pacientes com anemia falciforme em todo o mundo e menos de 10% conseguem ter acesso aos atuais equipamentos, o que torna a produção desse projeto viável e necessário.
A qualidade da pesquisa e da apresentação resultou ao engenheiro destaques nacionais e internacionais ao ser elogiado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Portugal e receber a nota máxima na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP) em dezembro de 2007.
Interessados em apoiar o projeto poderão entrar em contato com o próprio Rafael nos telefones 11 2592-6253 e 11 94353682. Ou por e-mail [email protected].