Anarquismo, fascismo ou os dois?

Um dos pilares do regime democrático vigente no Brasil é a liberdade de expressão que, como direito individual garantido, é cláusula pétrea de nossa Constituição. Nossos cidadãos nunca exerceram esse direito tão plenamente quanto nos últimos anos, graças aos novos meios de comunicação, à facilidade de reuniões convocadas via Internet e ao beneplácito de governos e polícia que, temendo sofrer críticas de antidemocráticos, permitem que duas dúzias de anarquistas interrompam o tráfego de pessoas, veículos e coletivos prejudicando milhares de outros cidadãos em nome de causas que, via de regra, pouco têm a ver com os interesses da maioria da população.

Nos anos de ditadura, quem se atrevesse a provocar tumultos ou reuniões sem prévia autorização, assim como distribuir folhetos apócrifos, era preso e respondia a processo. Houve uma ocasião em que eu estava distribuindo um folheto de pré-lançamento de um baile que o Rotaract iria promover. O papel dizia simplesmente: “Lei Seca em Ribeirão Pires, aguardem”. Fui detido pela PM e levado a um quartel em Santo André onde fui interrogado e liberado após averiguação.

Falo dessa breve passagem para que pessoas que não vivenciaram isso (ou vivenciaram como muitos que conheço e reclamavam por não poder expressar sua opinião), hoje abusam deste direito a exemplo do que vem acontecendo com muita frequência em nossa cidade, onde um grupo bem conhecido de agitadores anarquistas que se autodeclaram donos da verdade agem com violência, invertendo os papeis, desrespeitando as leis e as autoridades, obrigando vereadores a suspender sessões e ameaçando aqueles que, porventura, discordem de suas opiniões.

Ora, será que nos livramos de uma ditadura para entrar em outra, a dos agitadores “fascistas” profissionais, Black Blocs, depredadores de patrimônio, queimadores de ônibus e dos que desejam impor suas vontades à força?

Estamos trilhando um caminho muito perigoso. Os “fascistas” estão cada dia mais ativos e ousados. Esse barulho todo tende a acordar um poder latente que, a qualquer momento, pode levar o país de volta a um regime de exceção, o que, convenhamos, não será bom para ninguém.

Em tempo: “Lei Seca” era apenas o nome da banda que iria tocar na festa.

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