Advogado que paralisa licitações em Ribeirão é primo de Dedé

Matéria publicada originalmente no Diário do Grande ABC pelo jornalista Junior Carvalho

Autor de inúmeras representações no TCE (Tribunal de Contas do Estado) que resultam na paralisação de diversas licitações em Ribeirão Pires, o advogado José Eduardo Bello Visentin, de Itanhaém, no Litoral, é primo de segundo grau do ex-prefeiturável Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), rival político do atual prefeito de Ribeirão, Adler Kiko Teixeira (PSB).

Maioria das licitações da Prefeitura vem sendo barrada pelo primo de Dedé

O Diário mostrou em maio do ano passado que Visentin conseguiu barrar o andamento de várias ações de governos, sobretudo de dois municípios na região. No Grande ABC, além de travar editais de Ribeirão, o advogado também questiona certames de São Bernardo, administrada por Orlando Morando (PSDB). Curiosamente, os dois municípios são administrados por aliados políticos, cujo principal partido de oposição aos dois governos é o PPS, partido de Dedé, que foi vereador e vice-prefeito de Ribeirão e nas últimas duas eleições tentou, sem sucesso, o comando do Paço.

A ligação familiar entre Dedé e Visentin é materna. Os bisavós maternos do político e do advogado são os mesmos: Nicolau Farah e Tereza Farah. Os dois são avós de Maria Tereza de Almeida Menezes e de Eilzabeth Bello, mães de Dedé e de Visentin, respectivamente. A mãe do popular-socialista, inclusive, também é de Itanhaém.

As representações lideradas por Visentin no TCE resultam desde exigências de retificações aos editais até a anulação dos certames. Em abril do ano passado, questionamentos formalizados pelo advogado resultaram na reformulação de edital e, consequentemente, no atraso do certame para compra de kits para insulinodependentes.

O Diário apurou que parte das representações idealizadas pelo primo de Dedé é formalizada no TCE às vésperas de expirar os prazos para questionamentos, facilitando a impugnação das concorrências. Em Ribeirão, desde janeiro de 2017, foram 55 representações no TCE contra, por exemplo, aquisição de medicamentos veterinários, de remédios para atendimento de demandas judiciais e para compra de materiais escolares. (Veja alguns exemplos na tabela ao lado)

OUTRO LADO

Questionado pelo Diário, Dedé, a princípio, não confirmou nem negou ter participação nas representações impetradas por Visentin. Depois, o popular-socialista rechaçou veementemente ter solicitado ao primo que ingressasse com quaisquer questionamentos no TCE.

Sobre a ligação com o advogado, Dedé também desconversou sobre o vínculo familiar com o advogado, alegando que Visentin é um “conhecido”. “Parente em que sentido? Não sei, eu sou Menezes. Preciso levantar a árvore genealógica (para descobrir o parentesco)”, despistou Dedé, ao emendar o questionamento. “Se eu tivesse alguma ligação com ele (Visentin), qual seria o problema?”, indagou.

A equipe do Diário não localizou Visentin para comentar o assunto.

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