Por Kátia Florêncio, professora
O caso que repercute na mídia sobre a garota que esfaqueou o colega de sala de aula,em Ribeirão Pires, que vem sendo falado só como caso de bullying simples, ontem também saiu publicado que a autora também era vítima de racismo. Vale lembrar que em mais uma manobra sem prioridade nos avanços da educação de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin vetou, no último dia 15, o Projeto de Lei 442/07, da deputada Ana do Carmo (PT). Aprovado no final de 2012, o PL autoriza o Poder Executivo a implantar os cargos de psicólogo e assistente social nos quadros funcionais das instituições públicas de ensino de Educação Infantil, Fundamental e Médio no estado de São Paulo.
É bom lembrar que fazer a parte que compete ao professor – parte pedagógica – todo bom professor sabe, agora o que não dá é para o professor assumir um papel que não cabe a ele, que ele não dispõe de tempo e formação para isso, que é ser psicólogo, assistente social e psicopedagogo ao mesmo tempo. Sem dúvida o governo falhou muito em não mandar esses profissionais para a Escola Pública. Hoje a classe média baixa põe os filhos na escola, tornam-se pais só de final de semana porque trabalham direto e fica a cargo da escola educar seus filhos. Esse caso de bullying com conotação racista poderia ter sido evitado se houvessem esses profissionais para fazerem um trabalho preventivo com esses jovens nas escolas.
Por outro lado vejo uma mãe traumatizada com a morte do marido, vítima de uma cultura nordestina ainda muito machista, cultura que aponta a mulher como sempre culpada pelos erros do homem, que sempre incrimina a mulher, cultura herdada dos tempos do cangaço onde tudo se resolvia na peixeira, cultura que precisa ser negada pelas novas gerações. Esta mãe que ao invés de apoiar a filha neste momento tão difícil, já que esta aluna tem tão pouca experiência de vida, se coloca contra a adolescente. Tenho certeza que o instinto materno vai falar mais alto e com o passar dos dias, longe da pressão familiar e social, ela refletirá melhor e dará o devido apoio a essa jovem, apoio este que ela tanto precisa, porque para apedrejar neste momento, sobram pessoas, porém os dias passam, tudo se acalma e o que fica é a família e alguns raros amigos.