Hoje elas dominam o mundo. Porém, se não fossem as 129 operárias que morreram queimadas numa ação policial porque reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias e o direito à licença-maternidade, no dia 8 de março de 1857, em uma fábrica têxtil, em Nova York, o Dia Internacional da Mulher não teria sido instituído e a independência feminina teria demorado mais para tomar as proporções atuais.
Depois de 1968, quando um grupo de ativistas do WLM (Women’s Liberation Movement) protestou contra a realização do concurso de Miss América jogando todos os ‘instrumentos de tortura feminina’ (sapato de salto alto, espartilho, cílios postiços, sprays de cabelo e outros itens que representam a imposição da aparência sobre o mundo da mulher) em um grande amontoado, o poder do “sexo frágil” cresceu ainda mais e tomou medidas globais.
Ao redor do mundo, mulheres conquistaram posições de destaque, seja no mercado de trabalho ou em uma área que, até então, era exclusiva dos homens, o cenário político.
Aliando o carisma, a delicadeza, o salto alto e poder, algumas mulheres fizeram a diferença ao derrubar paradigmas se tornando presidentes de nações. A fim de celebrar tal conquista, o jornal Mais Notícias separou alguns nomes de mulheres latino-americanas que merecem o reconhecimento pelo que fizeram em seus respectivos países.
Dilma Rousseff, a herdeira de Lula
O Brasil escolheu e Dilma Vana Rousseff se tornou a primeira ‘presidenta’ da nação, sob o apadrinhamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dos quase 100 milhões de votos válidos, Dilma recebeu 55.752.421, ou seja, 56% dos eleitores apostaram na vitória da petista.
Dilma teve uma infância tradicional. Filha de um engenheiro búlgaro e uma professora brasileira, ela estudou em colégio católico de Belo Horizonte. Durante a adolescência, teve o primeiro contato com o marxismo enquanto estudava em um colégio público.
Por levar o movimento esquerdista adiante, Dilma foi obrigada a viver na clandestinidade durante o período da Ditadura Militar. Nesta fase, o uso de codinomes foi obrigatório para que ela não fosse encontrada pelas forças de repressão.
Em 16 de janeiro de 1970, Dilma foi presa em São Paulo, com a acusação de “papisa da subversão”. Ficou detida na Oban (Operação Bandeirantes), onde foi torturada. Posteriormente foi enviada ao Dops. Conseguindo a liberdade apenas três anos depois, quando mudou-se para Porto Alegre e entrou para a faculdade de Ciências Econômicas, na UFRS.
Filiou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores) em 2001. Depois de permanecer por algum tempo no Ministério de Minas e Energia, assumiu o cargo de chefe da Casa Civil, só saindo para concorrer à presidência.
Em 2009, seu nome estava incluído na lista dos 100 brasileiros mais influentes do ano (levantamento da Revista Época). No final do ano passado, a revista americana Forbes apontou Dilma como a 16ª pessoa mais poderosa do mundo, estando à frente do grande executivo da Apple, Steve Jobs.
A atual presidente do Brasil conta com popularidade e um legado deixado pelo seu predecessor.
A Argentina de Cristina Kirchner
Cristina Fernández de Kirchner é a 55ª presidente da Argentina. Semelhantemente a Dilma, conseguiu um grande apoio do eleitorado conquistando 45% dos votos válidos. Além de presidente, Kirchner é advogada e ex-senadora. De 25 de maio de 2003 a 10 de dezembro de 2007 foi também primeira-dama do país, pois é viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, ao qual sucedeu no governo do país latino.
Cristina nasceu em 1953, em La Plata, Buenos Aires. Cursou os primeiros anos no Colegio Comercial San Martín e depois seguiu para o Colegio Nuestra Señora de la Misericordia, ambos na cidade de La Plata. Concluiu seus estudos superiores na Universidade Nacional de La Plata.
Cristina foi confirmada como candidata do Partido Justicialista (Frente para a Vitória, situação) para as eleições presidenciais de 28 de outubro de 2007 e despontara como líder em todas as pesquisas de popularidade, com grandes possibilidades de ser eleita ainda em primeiro turno, segundo os analistas políticos do país, fato este concretizado na eleição.
Michelle Bachelet, a médica socialista e presidente do Chile
Filha de um general e uma arqueóloga, Michelle Bachelet teve a juventude dividida entre o Chile o os Estados Unidos. Desde pequena demonstrou grandes talentos artísticos e participou ativamente em grupos musicais e de teatro com alunos do Instituto Nacional General José Miguel Carrera Marco Antonio de la Parra.
Em 1970, Bachelet inicia o curso de pediatria na Universidade do Chile. Nessa mesma época, ingressa na Juventude Socialista do Chile. Em 1972, seu pai é indicado para um cargo no governo (Junta de Abastecimento e Preços).
Em setembro de 1973, o Chile sofre um golpe de Estado e o pai de Michelle é preso na Academia de Guerra Aérea por “traição à pátria” e falecendo no ano seguinte como resultado das torturas sofridas.
Em 1975, tanto Michelle quanto sua mãe são presas e interrogadas por apoiarem o Partido Socialista na clandestinidade. Depois de um ano de reclusão, mãe e filha partiram ao exílio na Austrália, para partir mais tarde à Alemanha Oriental. Neste país, continuou seus estudos em medicina e se casou.
Quando volta ao Chile em 1979, retoma seus estudos na Universidade do Chile, formando-se em 1982. Pouco depois incorporou-se à ONG PIDEE (Proteção à Infância Prejudicada pelos Estados de Emergência) até 1990, ajudando a filhos das vítimas do regime militar do Chile.
Poucos anos depois começou a atuar nos Ministérios da Saúde e da Defesa. Em 2006 foi eleita presidente do Chile em votação no segundo turno com 53% dos votos válidos.
Semelhante ao que aconteceu com a relação entre Dilma e Lula, Michelle Bachelet recebeu de seu predecessor, Ricardo Lagos, uma expressão pública de apoio.