Ele está presente nas manhãs da maioria da população assim como o arroz e o feijão no almoço e jantar: o leite.
Nos últimos 30 anos, o consumo per capita de leite e derivados no Brasil teve um aumento de 60%. Enquanto em 1980 o brasileiro ingeriu, em média, 100 litros de leite e derivados por ano, em 2010 este consumo aumentou para 161 litros. De acordo com estudo realizado pela Associação Leite Brasil, somente no ano passado, o crescimento foi cerca de 4,4% em relação a 2009.
Segundo o presidente da entidade, Jorge Rubez, este acréscimo pode ser atribuído ao crescimento populacional, assim como a melhoria na renda, trazida pelo reajuste do salário mínimo acima da inflação. Além disso, a diversificação na produção de derivados, o aumento na produção interna – que representa 97% do mercado local – e a melhoria na qualidade da produção primária de leite impulsionaram este avanço.
Mas embora tenha havido esse crescimento, os consumidores brasileiros ainda consomem pouco leite se comparado a outros países. De acordo com o ranking da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o Brasil ocupa o 65° lugar. A liderança é da Finlândia e Suécia. Para Rubez, ainda há mercado para crescer e a ausência de políticas específicas e engajamento do setor dificultam o desenvolvimento e o estímulo ao consumo. “Considerando a recomendação do Ministério da Saúde, de três porções de lácteos diárias, ou seja, 200 litros ao ano, a média do brasileiro ainda tem um déficit de 25%”, fala.
Os benefícios do leite – Bons motivos para consumir o leite e seus derivados não faltam. Eles são os alimentos naturais com a maior concentração de cálcio — mineral essencial para a formação e a manutenção da integridade dos ossos. O cálcio do leite, em função de sua forma química e da presença da lactose, é mais facilmente absorvido pelo organismo do que em outros alimentos. Ele ainda contém boa quantidade de fósforo, que também ajuda na formação dos ossos. Além disso, 2 copos diários de leite já atendem a quase toda a recomendação, por exemplo, de manganês, nutriente importante no aproveitamento das gorduras e no funcionamento do cérebro.
Suas proteínas são completas, propiciando a formação e a manutenção dos tecidos do organismo.
O leite integral é um bom fornecedor de energia para as atividades do dia-a-dia. Por essa razão, é ideal para as crianças. Servir três copos diários de leite já atende 25% das suas necessidades de calorias. Além disso, os leites integrais e os enriquecidos com vitamina A, ajudam no crescimento dos pequenos e melhoram as suas defesas contra as doenças infecciosas.
O leite tem também significativa quantidade de vitamina B1, importante na produção da energia de que o corpo precisa, e de vitamina B2, reguladora da utilização de proteínas, gorduras e açúcares.
A ingestão do leite é recomendada no café da manhã, lanche da tarde e lanche noturno. “A ingestão logo após as refeições é contra indicada, pois o cálcio atrapalha a absorção do ferro. Como no almoço e jantar são ingeridos carne e feijão, que são ricos em ferro, o melhor é evitar o leite neste horário. Os americanos têm este hábito de ingerir leite junto das refeições, porém isso não é recomendado”, alerta a nutricionista Andréia Ceschin de Avelar.
Intolerância à lactose – Apesar de todos esses benefícios, nem todos podem usufruir das vantagens da lactose. Há pessoas que produzem pouco ou quase nada de lactase, enzima responsável pela digestão da lactose (açúcar do leite). Quando isso acontece, há complicações com a digestão de um volume maior de leite. Mesmo não sendo um quadro perigoso, os sintomas são desagradáveis. A produção da lactase diminui com a idade, por isso a intolerância a lactose é mais comum entre adolescentes e adultos do que em crianças. Mas, felizmente, há opções que podem suprir essa necessidade. “Aos pacientes com intolerância à lactose eles podem substituir pelo Leite de Soja. Hoje no mercado já existem marcas que oferecem em um copo de leite de soja a mesma quantidade de cálcio que o leite de vaca. Só é necessário observar na tabela nutricional na embalagem”, explica Andréia. Estão disponíveis ainda outras alternativas. “Leite sem lactose ou com baixa quantidade de lactose. Não podemos esquecer da hipersensibilidade a proteínas do leite. Quando é diagnosticada deve ser substituído por leite hipo-alergênico, leite de oleaginosas como avelã, amêndoas, ou de arroz”, alerta a nutricionista Andrezza Botelho.
Leite para todas as idades – O leite realmente tem um grande valor, tanto que é o primeiro alimento do ser humano. O leite materno soma o equilíbrio de nutrientes, que garantem o perfeito crescimento e desenvolvimento da criança e a protege contra doenças infecciosas.
Na adolescência, entra em ação o estirão – período de crescimento muito rápido – no qual o jovem cresce mais ou menos 10 centímetros em um ano. Nessa fase, os adolescentes precisam de uma boa alimentação, pois crescer implica maior gasto de energia. As nutricionistas consultadas pelo Mais Notícias falam sobre quais tipos de leites são mais recomendados para essa etapa da vida. “Se ele estiver dentro de uma faixa de peso adequada pode ser o semi-desnatado, pois o adolescente tem o metabolismo mais acelerado (em comparação a um idoso) e o leite tem um tipo de gordura chamado CLA (ácido linoleico conjugado) que possuem alguns benefícios para o organismo, como potencializar a redução da gordura corporal na atividade física”, fala Andrezza.
“Se eles não estiverem acima do peso, com colesterol elevado ou com espinhas eles podem tomar o leite integral mesmo. O leite desnatado e o semi-desnatado são recomendados quando o adolescente está acima do peso, com colesterol elevado ou se ele tiver muitas espinhas. Para o tratamento de espinhas, recomendamos uma dieta com pouca gordura, então, nestes casos, o uso do leite desnatado ou semi desnatado são recomendados”, sugere Andréia.
Já após os 65 anos, homens e mulheres precisam de uma dose elevada de cálcio. A nutricionista Andréia explica que a recomendação de cálcio para idosos é de 1200mg por dia. “Um copo de leite de 300ml contém em média 357mg de cálcio. Três copos de leite por dia oferecem 1071mg de cálcio. Com a ingestão de outros alimentos no decorrer do dia já é possível atingir a recomendação”, acrescenta.
A nutricionista Andrezza destaca que o leite desnatado é o mais indicado nesta faixa etária, pois não contém gordura saturada (presente no leite normal). “Além disso, o idoso possui um trânsito intestinal mais lento e necessita de menos energia”.
“A ingestão de leite para o idoso é muito importante para evitar a osteoporose. Nas mulheres idosas acima de 80 anos há redução da absorção do cálcio, muitas vezes é necessária uma suplementação deste mineral, sempre recomendada por médico ou nutricionista”, fala Andréia.
Apesar da importância do leite para a 3ª idade, ele sempre deve estar aliado à outros alimentos de igual relevância. “Existem vários alimentos fontes de cálcio que não necessariamente o leite – verduras escuras, feijões, sementes e frutas, por exemplo. Se o idoso consumir toda a quantidade de cálcio que ele necessita em uma única fonte alimentar (no caso o leite) ele teria que ingerir diariamente cinco a seis copos de leite diariamente, o que não é interessante para a saúde, poderia causar transtornos gastrointestinais e estaria privando esse indivíduo de obter outros nutrientes (vitaminas e minerais) que também são necessários para o bom funcionamento do organismo”, finaliza Andrezza.