O Mais Notícias conferiu os bastidores e a comédia “Mambo Italiano”, em cartaz no Teatro Nair Bello, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, e traz a peça como dica cultural.
No início dos anos 2000, o canadense Steve Gallucio escreveu Mambo Italiano, comédia sobre o choque de gerações em uma família italiana, usando como ponto de tensão um relacionamento não aprovado pelos pais do protagonista.
A peça, que foi encenada pela primeira vez na cidade de Québec, Canadá, e logo se tornou um longa homônimo, devido ao grande sucesso obtido. O filme de 2003 foi dirigido por Émile Gaudreault, com co-participação de Steve Gallucio no roteiro e presença do grande ator norte-americano Paul Sorvino no elenco.
Passada quase uma década, “Mambo Italiano” chegou em São Paulo em 07 de janeiro, onde estará em cartaz até 27 de março . Quem assina a tradução e direção da peça é a premiada Clarisse Abujamra, que coordena um elenco de peso, composto por Cláudia Mello, Tânia Bondezan, Jarbas Homem de Mello, Antônio Petrin, Luciano Andrey, Lara Córdula e Carla Fioroni.
Enredo – A trama é centrada em Ângelo (Luciano Audrey), filho do casal italiano Maria (Claudia Mello) e Gino (Antonio Petrin), e que possui uma irmã chamada Ana (Lara Córdula), todos residentes na cidade de São Paulo, no bairro da Mooca. Ângelo resolve contar à seus pais que tem um relacionamento amoroso com seu amigo de infância, Nino (Jarbas Homem de Mello), o que acaba ocasionando uma ruptura na âmago desta família. “A peça toca em algumas questões importantes que as pessoas deveriam refletir. Mambo Italiano é uma peça que retrata uma situação que acontece todo dia, só que o pano de fundo é de uma família italiana que descobre que sue filho é homossexual”, fala a atriz Carla Fioroni.
“É uma comédia, tudo é levado no bom humor, as famílias são muito alegres, muito exageradas, porque são famílias italianas, mas a temática da peça é séria, porque fala das diferenças e da aceitação das diferenças” completa a atriz Tania Bondezan.
Luciano Andrey conversou com o Mais Notícias e falou sobre seu personagem. “O meu personagem é quem resolve colocar tudo em pratos limpos, então, ele desencadeia o conflito com as duas famílias, com a aceitação, a não aceitação e até com relação ao namorado, que não queria se assumir. É um personagem extremamente rico, bastante difícil de fazer, porque basicamente todos os personagens vão para o caminho da comédia e a carga dramática do espetáculo está toda contida no meu personagem, que é esse desejo de se expressar, de ser livre”.
Na peça, acontece um beijo entre os personagens interpretados por Luciano e Jarbas. O ator que interpreta Ângelo conta que nesse ponto da trama é possível perceber um choque na plateia, mas espera que ela saia com outra visão sobre o homossexualismo após assistir ao espetáculo. “As pessoas não estão acostumadas com isso, mas eu acho que a gente coloca de uma forma tão limpa, tão honesta que, no mínimo, a pessoa vai para casa e refletir um pouquinho e isso é o mais fantástico desse trabalho, pois eu acho que tem um poder transformador grande para quem vem assistir”.
“(A peça) Passa uma mensagem que viabiliza a noção de que o homossexualismo não é uma doença e também não é uma escolha pessoal que você determina. É um fator genético que existe há muitos anos… e isso não te faz menos ser humano, menos digno de amor, de carinho, de afeto e de aceitação. A sociedade é muita cheia de preconceitos, as pessoas não são autorreferentes, elas não são senhoras de si mesma, tudo é muito introjetado, você compra os que outros determinam, vive como a sociedade quer. Tudo bem que existe uma lei, uma diretriz, mas não a ponto de tiranizar o ser humano porque ele fez uma escolha sexual diferente”, disse a atriz Claudia Mello.
“Eu acho que a peça existe porque existe um grande preconceito. A plateia que vem aqui acha que não tem nenhum preconceito, mas ela tá carregada de preconceitos. E também pela nossa cultura ocidental e católica apostólica romana, nós carregamos isso nas costas. Os meios de comunicação também não aceitam. Colocam nas suas novelas um ou outro casal gay para dizer: ‘olha como nós somos modernos’, mas tem um limite essa relação, a hora do beijo nunca aconteceu. A televisão não está preocupada em desmistificar e colocar isso como uma coisa normal para sociedade. Nós precisamos caminhar muito, o teatro precisa oferecer a possibilidade de se discutir esse tema, já que a televisão não discute, pois no palco a reação é imediata, o teatro é que tem que cuidar dos grandes sintomas problemáticos da nossa sociedade”, conclui Antonio Petrin.
A partir de segunda-feira (28/02), as entrevistas com os atores Luciano Andrey, Antonio Petrin e Carla Fioroni estarão disponíveis na TV Mais Notícias.
Serviço – A peça “Mambo Italiano” está em cartaz no Teatro Nair Bello, que fica na Rua Frei Caneca, 569, 3º piso, Consolação, São Paulo, até o dia 27 de março.
O espetáculo acontece às sextas-feiras, às 21h30; sábados às 21h, e domingos, às 19h.
O ingresso custa R$ 60,00 (as sextas e domingos) e R$ 70,00 (aos sábados);
Mais informações pelo telefone (11) 3472-2414, das 15h às 21h.