Em muitos casos, é uma luta contra o tempo. A demora para receber a autorização de um convênio médico pode ser decisiva na vida dos pacientes. Seja para um tratamento clínico ou procedimento cirúrgico, a brevidade no atendimento é fundamental para garantir a boa reabilitação.
O neurocirurgião Marcelo Perocco, especialista em coluna vertebral, explica que as lesões, como as neurológicas, por exemplo, precisam de intervenções rápidas. Caso contrário, segundo Perocco, o quadro de saúde da pessoa pode se agravar gerando déficit motor.
“Esse paciente precisa começar a reabilitação horas ou no máximo alguns dias depois”, afirma o especialista. “Essa questão da demora da autorização dos planos de saúde, ao prolongar o início do tratamento, diminui as chances do paciente”.
Marcelo Perocco observa ainda que os tratamentos são individualizados. Por isso, são prescritos de acordo com a necessidade de cada situação. Para o neurocirurgião, é essencial que as operadoras de saúde não limitem o número de sessões indicadas para a reabilitação.
“Não dá para tratar a medicina com matemática e liberar 20 sessões para todo mundo. Tem que ter um tratamento individualizado. Têm pacientes que precisam, por exemplo, de sessões de fisioterapia até estarem bem”, diz Marcelo.
O neurocirurgião também destaca que todo o tratamento de um paciente é feito por uma equipe multidisciplinar – que inclui, além do médico, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo e psicólogo. De acordo com Perocco, estes profissionais são importantes para a recuperação plena dos pacientes.
“Muitas vezes, vemos que o convênio libera a cirurgia, mas depois tem uma certa dificuldade para a reabilitação. Tudo tem que estar ligado, o tratamento tem que ser completo para o paciente. Não adianta fazer uma boa cirurgia e não ter uma boa reabilitação”, destaca o médico.
Marcelo reforça que familiares e amigos de quem precisa de autorização dos convênios têm que buscar pelos direitos de acesso ao tratamento indicado. “Têm que brigar pelos direitos, têm de procurar a Ouvidoria do convênio, do hospital, tem que fazer as reclamações na Agência Nacional de Saúde”.
O especialista também alerta para a dificuldade em conseguir autorização para realizar novos procedimentos – que utilizam técnicas modernas e tecnológicas – mesmo sendo autorizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Uma técnica nova ou um dispositivo novo, que já têm o aval da Anvisa, ou seja, estão autorizados pelo governo federal para serem utilizados em território nacional, muitas vezes vemos essa tecnologia barrada por algumas operadoras de saúde – não são todas – alegando que o tratamento não está no hall da ANS (Agência Nacional de Saúde)”, diz Marcelo.
De acordo com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019, 8,4% da população brasileira são deficientes. Isso representa mais de 17 milhões de pessoas. Portanto, Marcelo Perocco reitera que quanto mais rapidamente o plano de saúde autorizar o tratamento, melhor poderá ser a recuperação do paciente.
“Há lesões neurológicas que colocam em risco, tanto a vida do paciente como também a sua funcionalidade futura. Existem questões que não vão levar o paciente a óbito, mas, por exemplo, vai deixá-lo em uma cadeira de rodas para sempre ou fazer com que ele perca a força de um braço, de uma perna”, explica Marcelo.