Leia a entrevista exclusiva cedida ao Mais Notícias pela empresária e Secretária de Assistência, Participação e Inclusão Social da Estância.
Uma das marcas da mulher brasileira é a determinação. E isso se prova pela facilidade com que encontramos belas histórias, cada qual com o seu brilho, cada qual com seu toque especial. Em Ribeirão Pires, temos um grande exemplo de uma mulher que, com foco e persistência se tornou empresária de sucesso, mãe e, agora, secretária.
Estamos falando de Marisa Reinoso de Abreu, a Marisa das Casas Próprias que, reconhecida como uma das mais bem-sucedidas empresárias da região, agora está também a frente da Sapis (Secretaria de Assistência, Participação e Inclusão Social) da cidade. Mas também podemos chamá-la pelo nome do podcast que apresenta semanalmente: Gente de Fibra.
Sua história não é um mar de rosas. Longe disso. Começa com o sonho de ser médica, que acabou cedo: “quando eu fiz 14 anos e minha mãe me arrumou serviço para servir café em um supermercado de uma comunidade em Mauá, eu chorei muito porque eu entendi ali que eu não seria médica”, conta, antes de detalhar: “Com 14 anos, eu tinha que andar quase 1 km até o ponto de ônibus. Depois, descia em Capuava e andava mais 1 Km a pé até o supermercado onde trabalhava, na Vila Magini, em Mauá. Ali fiquei por três anos até conseguir outro emprego”. Mas, como aprendemos nas lições da vida os sonhos não somem. Eles apenas mudam de lugar. Ou de direção. Este emprego foi a base de sua família, já que foi por meio dele que conheceu seu marido, pai de seus filhos. Ali também nasceu a sua vocação em ajudar ao próximo, marca de toda sua vida. Precisou – e foi socorrida – por uma desconhecida certa vez para poder voltar para casa. “Minha vida estava começando. E dali por diante, nunca mais neguei ajuda a ninguém”, conta, grata pela pessoa que lhe estendeu a mão em uma hora difícil.
O altruísmo também apareceu em outra oportunidade: “eu ainda era criança e montei uma sala de aula improvisada para dar aula a outras crianças do meu bairro. Foi uma coisa pequena, mas que, recentemente, uma delas me encontrou e me agradeceu pelo que ensinei”.
Já a mulher de fibra apareceu um pouco antes: “Eu tinha 7 anos de idade, e me levantava cedo para fazer o serviço da casa pra entrar na escola cedo porque a escola começava às 7h. Minha mãe saía as 5h para trabalhar no Hospital Heliópolis. Eu queria terminar fazer o serviço antes de pessoal que eu pensava, eu quero fazer o serviço, eu quero fazer isso, quero fazer aquilo. Por isso que eu sou rápida”, relembra.
Formada em Direito – “para conduzir melhor minha empresa, aplicar meu conhecimento, comecei a faculdade já aos 37 anos” – a outra nuance desta mulher incrível é a vendedora. Criança ainda, ajudou uma vizinha a vender produtos de porta em porta. Anotou dezenas de pedidos, mas, ainda aprendendo as coisas da vida, se esqueceu de um detalhe: “Eu ia andando e tirando os pedidos. Mas como que depois eu ia entregar e receber esse como que eu ia achar essas casas? Que eu vendi, eu vendi. É por isso que eu sou boa vendedora, mas acabei dando um prejuízo para minha mãe”.
O lado vendedora a fez ser dona do maior depósito de material de construção da região. “Eu trabalhava em uma financeira que financiava os lojistas de material de construção. Isso foi um grande aprendizado que mais tarde usei no Casas Próprias. Então, minha filha nasceu e eu tinha que ir em busca de outras oportunidades. Pagava aluguel. Meu marido ia pra São Paulo, comprava as miudezas de material de construção e eu e eu, como vendedora, ia ofertar até no Litoral. Eu percebi que poderia crescer rapidamente”. Foi a motivação para o passo decisivo: comprou um depósito que era pequeno e, com a grande onda de construções em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o Depósito Casas Próprias se consolidou mesmo com planos econômicos e crise, se tornando uma potência.
Os convites para integrar a vida pública acabaram por chegar naturalmente. Mas Marisa não se iludiu: “Os convites começaram a surgir. Mas tinha se cumprir cotas (de gênero, com ao menos 30% de mulheres nas chapas). A mulher virou o que para a política? Uma necessidade. Mas eu não seria ferramenta para os homens cumprirem a cota. Quando as pessoas me chamaram, sabiam que eu sou uma mulher de garra, sabiam que eu era destemida, sabiam que eu era guerreira. Foram 12 anos para me convencer”.
Desafio aceito, se candidatou a prefeita e foi até o fim enfrentando inclusive boatos dando conta de que abriria mão de tudo. Mas, não estamos falando de qualquer pessoa. “Eu não pactuei com ninguém, eu não fiz nada daquilo que não eram meus princípios. Fui até o final da campanha sem nenhuma moeda. Muitas vezes, durante a campanha, disseram que eu iria desistir. Mas eu não desisto de nada. Acha que foi fácil ter o Casas Próprias? Acha que é fácil abrir uma porta sem dinheiro nenhum? Eu não desisto de nada!”. E Marisa foi até o fim. Candidata a prefeita, recebeu quase 5 mil votos, um desempenho fantástico para uma iniciante.
Tempos depois, já na época da Eleição Suplementar, manifestou apoio a Guto Volpi por meio de vídeos apresentando os avanços na cidade. “O então prefeito Clóvis Volpi pediu para que eu pensasse sobre dar meu apoio. Já tinha analisado bastante o cenário da cidade, já tinha analisado o que seria melhor para Ribeirão Pires, o que seria melhor para o comércio. Fiz os vídeos de livre e espontânea vontade”, conta. Com a eleição de Guto e a efetivação de Leo Biazi, antigo secretário da SAPIS como vereador, o convite foi feito e Marisa o aceitou. “É muito diferente. Já ajudava, mas não tem nada a ver com o que eu pensava. Estou aqui, cuido das minhas empresas antes das 9h e depois das 17h. Trabalho até as 9 da noite”, conta. “Eu vim em busca de desafios, de poder ajudar a mais pessoas. Sozinha, pela minha empresa, eu consigo ajudar com 50 cestas básicas por mês, eu estando na Assistência Social, eu vou ter a oportunidade de ver 300 pessoas serem atendidas”.
E sua experiência de empresária se faz notar na secretaria, com projetos sendo retomados e aperfeiçoados, tudo como uma forma de retribuir o que a cidade fez por ela. Para isso, conta com uma equipe altamente qualificada: “eu não conhecia, que é a dinâmica do funcionalismo público. A minha grata surpresa foi ver quantas pessoas capacitadas nós temos, são pessoas que eu tiro o chapéu”. E, ao unir os talentos com a eficiência como empresária faz com que a SAPIS tenha ótimas perspectivas para o futuro. E, com o mesmo olhar, Marisa vislumbra um futuro promissor para Ribeirão Pires: “vejo esta cidade como Campos do Jordão. Claro que vai depender de quem estiver à frente e de continuarmos nesse ritmo de hoje. Os nossos pontos turísticos serão lindos, maravilhosos e eles vão sair do papel. Nós teremos o nosso próprio hospital. Nós teremos vários tipos de incentivo. Conheço todos os projetos que estão sendo desenvolvidos e pensados e repensados nesta gestão para Ribeirão e, de tudo o que eu estou vendo, apreciando e participando, se tudo isso puder ser concluído, não precisa nem de 20 anos. Daqui 8 anos, nós já teremos outra cidade, com certeza”.
Usando uma analogia, foram todas essas histórias que construíram a Marisa, as vezes dura (até consigo mesma, confessa) mas sempre determinada. Uma mulher de fibra. E que, para felicidade de todos, está em Ribeirão Pires.