Chegou ao fim, na última sexta-feira (04), o embate entre Prefeitura e os comerciantes que por anos ocuparam a antiga rodoviária de Ribeirão Pires. Eles foram obrigados a sair da área, que dará lugar à construção um shopping center, e tiveram seus boxes demolidos. Porém, a ação não foi fácil. Às oito horas da manhã, tratores e um forte aparato policial (sete carros da Polícia Militar, quatro da Guarda Civil Municipal, além de motocicletas da GCM) se posicionaram no local para dar início à retirada dos trabalhadores, mas a equipe deparou-se com a resistência de alguns, que se recusavam a sair sob alegação de que nenhum ofício lhes foi apresentado, apenas a cópia de uma decisão judicial que autorizava a remoção. Um policial militar tentou, por diversas vezes, convencê-los a sair, mas a conversa foi em vão. “A juíza deu um despacho (para a Prefeitura), mas nosso advogado entrou com um agravo de instrumento que suspendeu esse despacho. Fomos ao Fórum ontem (quinta-feira), conversamos com o pessoal da 3ª Vara, eles folhearam o processo, pedimos ajuda a um advogado que estava no balcão, e ele falou que com o agravo que o nosso advogado colocou, automaticamente perdeu o efeito desse despacho, então, não tem ofício. O que eles podem ter é o despacho da juíza, que perdeu o valor quando nosso advogado entrou com agravo de instrumento. A gente não pode ceder à pressão. Eu acho que a Prefeitura não pode vir atropelando, tem que esperar a decisão final do processo, porque a gente não se nega a sair”, disse José Carlos de Souza Albuquerque, que mantinha um boxe há 20 anos na área.
Ao contrário da maioria, dois vendedores recolheram sua mercadoria e desistiram de permanecer no local. Um carro da Prefeitura foi disponibilizado para levar os produtos para a casa de cada um dos proprietários.
O secretário municipal de Segurança Pública, José Adão Alves, que comandava a ação, também tentou convencer os comerciantes a deixarem o local, mas eles pediram ao titular da Pasta que aguardasse a chegada do advogado que estava cuidando do caso, pois ele traria um documento permitindo a permanência. No entanto, quando o Dr. Eduardo Barbosa Nascimento chegou à rodoviária, não apresentou nada que pudesse reverter a situação.
Por volta das 16 horas, equipe da Prefeitura deu início à retirada dos produtos dos quiosques, que teve de ser feita por meio de arrombamento das portas, já que os vendedores se recusaram a tirar as mercadorias ao longo do dia. Uma equipe de policiais da Força Tática de Mauá foi acionada para dar suporte à operação. Os trabalhadores recolheram seus pertences, que seriam levados para onde eles preferissem, por caminhões da Prefeitura. Após o total esvaziamento, os boxes foram demolidos.
Somente duas edificações que ficam nos arredores do antigo Terminal Rodoviário não foram derrubadas na sexta-feira. Segundo a Prefeitura, o local onde existia o posto da Guarda Civil Municipal está previsto para ser demolido nos próximos dias. Já o local onde funciona o posto de operação da Cooperpires ainda está indefinido, “já que será necessário realocar outro lugar, o que está em processo de estudos”.
Ainda de acordo com o Executivo, a abertura da licitação para empresas interessadas na construção do shopping está em fase de elaboração.
Quanto à situação dos comerciantes, a Prefeitura afirma que não há estudo para realocá-los, “já que os mesmos estavam ilegais no local”.