Interdição na Humberto de Campos: um mal necessário

Via interditada é sinônimo de transtorno para motoristas e comerciantes, uma vez que os clientes enfrentam dificuldades de acesso. Desvios, que na grande maioria das vezes é preciso dar uma imensa volta para se chegar ao destino, resulta em dor de cabeça também para moradores, que passam a conviver com o fluxo de veículos que não costumava ser intenso e até sair da garagem se torna uma tarefa árdua. Essas situações estão sendo vivenciadas por grande parte da população de Ribeirão Pires, com a interdição de uma das principais vias da cidade: a Avenida Humberto de Campos.

Abertura da via depende do tempo

Apesar de todos os incômodos que o fato causa, o secretário de Governo, Ricardo Nardelli Júnior; e o de Gabinete e Assuntos Estratégicos, Paulo de Tarso Gonçalves dos Santos, explicam que o mal é necessário, já que a medida foi tomada após um laudo do Instituto Geológico (IG). “Estamos preservando vidas. O que nós queremos é resolver o problema preservando, para que a população não corra risco. Um talude cai com a trepidação, quanto maior for essa trepidação, maior o risco”, fala Nardelli.

Relatório – A pedido da Prefeitura de Ribeirão Pires, foi realizada, no dia 06 de janeiro, uma vistoria técnica por um integrante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, e no dia 13, pelo IG. Após análise, o IG sugeriu que medidas fossem tomadas com o objetivo de evitar futuros desastres.

No relatório entregue ao Executivo Municipal, consta que o morro Santo Antônio, localizado na área da Avenida Humberto de Campos, Jardim Mirante, trata-se de um talude de corte, com aproximadamente 30 metros de amplitude, solo de alteração com espessura média de 2 metros, aparentemente originado de rocha do tipo micaxisto (rocha muito dura, formada essencialmente, por quartzo e mica); apresenta altas declividades (70-85°), cicatrizes de escorregamento e de movimentação de material; com vegetação de pequeno e grande porte na média encosta e no topo do morro, com a ocorrência de muitas árvores inclinadas, destacando que “adjacente à base desse talude encontra-se o pavimento da Avenida Humberto de Campos”.

Com a constatação, o IG recomendou “a interdição total da Avenida Humberto de Campos para veículos e pedestres na faixa/área correspondente entre as moradias/edificações de nº 718 a 512, durante todo o período chuvoso, com acesso permitido somente para os moradores e comerciantes”.

“Profissionais habilitados deram o diagnóstico. Eu sei que causa um desconforto, mas e se chove e cai uma árvore, alguém está passando lá e tem algum acidente?”, indaga Paulo de Tarso.

O documento emitido pelo IG recomenda ainda o monitoramento dos terrenos e casas existentes na área, especialmente às situadas na Rua Marconi. “Caso ocorram feições de instabilidade nas moradias ou nos terrenos, interditá-las imediatamente”, ressalta o relatório. “A Defesa Civil monitora diariamente o local. Essa semana foi feito corte de árvores que deram uma envergada”, conta o secretário de Governo.

A abertura da avenida e o início para as obras de recuperação do morro Santo Antônio depende única e exclusivamente do tempo. “Não podemos liberar, uma vez que permanece o período chuvoso e temos um parecer técnico dizendo que o risco de desabamento permanece. As chuvas vão até março e nenhuma obra pode começar no período chuvoso, mas as providências virão logo após esse período”, afirma Nardelli.

Assim que a chuva cessar, o local passará por nova vistoria do IG para analisar se há condições para que os trabalhos sejam iniciados.

Obras – No último dia 18, o prefeito Clóvis Volpi (PV) esteve em Brasília para assinar convênio com o governo federal para o repasse de R$ 3.044.649,00 que serão aplicados em serviços de recuperação dos morros Santo Antônio e São José, além da recuperação de área de encosta da Rua Anchieta, no bairro Bertoldo e na Vila Sueli. Os recursos foram pleiteados em junho de 2010, mas só foram deferidos no último dia do ano. “Já entregamos o convênio assinado, agora estamos aguardando a publicação da portaria e, a partir dessa publicação, a gente pode iniciar o processo licitatório no âmbito municipal. Os recursos serão liberados em cinco parcelas, mas vamos ter, provavelmente, que colocar recursos próprios para fazer”, fala Paulo de Tarso.

O secretário de Obras e Planejamento Urbano, Agostinho Coutinho Gomes, explica porque o dinheiro será insuficiente: “Só no muro da Anchieta foi estimado gasto em torno de R$ 500 mil. O Santo Antônio é mais complicado, a gente estimou em torno de 37 mil metros cúbicos de terra para serem retirados dali. Dos 3 milhões, vai algo em torno de 1 milhão e 800 mil, por isso precisará de investimento próprio, até porque a gente tem o problema do ‘Bota Fora’. No orçamento foi computado que a gente tem que jogar em um aterro licenciado, porque o nosso ‘Bota Fora’ não comporta todo esse volume de terra, então, talvez, a gente vai ter que ver, junto com a SEVEMASA, outra alternativa. O projeto consiste em retaludar e fazer um escoamento das águas de chuva. Essa parte de escoamento, que é da escada hidráulica, não está inclusa na verba de três milhões”.

Ele prevê que a recuperação do morro Santo Antônio deve levar cerca de quatro meses para ser concluída. “Vou ter que criar um acesso para as máquinas entrarem lá por cima, pela igreja, é demorado. Os caminhões terão que ser traçados, pois os normais não sobem devido ao peso, então, tem que ter toda cautela e tempo seco para não haver nenhum imprevisto”, completa Agostinho.

O processo licitatório para as obras referentes ao convênio assinado no mês passado deve durar de 60 a 90 dias, se não houver nenhum entrave jurídico por parte dos licitantes.

O secretário de Obras estima que a conclusão de todos os trabalhos levará em torno de seis meses.

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