Tempestades deixam Ribeirão Pires em estado de atenção

Diversas cidades viveram um pesadelo na tarde da última terça-feira (18). Por volta das 18 horas, nuvens negras descarregaram um temporal que alagou ruas e destruiu casas. E com Ribeirão Pires, que sofreu com as chuvas de verão no ano passado, não foi diferente. Foram vários chamados pela Defesa Civil noite adentro.

Casas na Rua Paraisópolis, no Jardim Santa Rosa, foram interditadas nesta quarta-feira

De terça-feira (18) até as 9 horas desta quarta-feira, foram registradas 60 ocorrências. Também nesse período, 15 famílias foram retiradas de suas casas. “Essas interdições estão sendo feitas de forma preventiva. Existe um risco iminente e, por isso, estamos removendo as pessoas que estão sendo encaminhadas para o abrigo do município”, fala a técnica da Defesa Civil de Ribeirão Pires, Patrícia de F. Oliveira Lima.

A maioria dos atendimentos foi relacionada a deslizamentos de terra, felizmente, todos sem vítimas. Grande parte ocorreu no bairro Santa Luzia, Bertoldo e Vila Nova Suissa.

A maioria dos atendimentos feitos pela Defesa Civil na terça-feira foi relacionada a deslizamentos de terra

De 1º de dezembro até as 9 horas de ontem (19), a Defesa Civil registrou 389 ocorrências; 72 residências interditadas; e 353 pessoas afetadas diretamente.

Para calcular o índice pluviométrico que muda o nível de observação para atenção e assim sucessivamente, o órgão trabalha com um acumulado de três dias de chuva. A somatória dos últimos três dias foi de 116.53 milímetros, registrado no pluviômetro de Ouro Fino, número considerado alto, o que deixa o município em estado de atenção. “O solo está muito encharcado, por isso que a maior parte das nossas ocorrências foram deslizamentos e alagamentos”, explica Patrícia.

Na Rua Tropical, no Santa Luzia, um muro caiu, soterrou e inundou uma casa. Nenhum morador se feriu, porém, um cão foi soterrado, mas, por sorte, foi resgatado com vida.

Inundações e quedas de árvores – Trafegar com qualquer veículo não foi fácil por horas em inúmeras áreas da cidade, como, por exemplo, na Rua Tejo e Joanasi. O rio da Avenida Brasil transbordou, resultando em vários pontos de alagamento. “Chegou a atingir a altura de uma caminhonete”, ressaltou Patrícia. Alagamentos também na Rua João Ramalho e diversos locais em Ouro Fino. Árvores caíram, muitas delas em residências, sem vítimas.

Morro São José e Santo Antônio – Com a tempestade de terça-feira, a situação dos Morros São José e Santo Antônio pioraram. “Teve alteração, deslizamento de terra, queda de árvore do Morro Santo Antônio, em proporção menor que no ano passado; o São José está crítico, em estado lastimável”, diz a técnica.

Para as pessoas que residem nessas proximidades, Patrícia afirma que a área não traz risco às residências, apenas sugere que as pessoas evitem fazer caminhada na base do morro. “Existem várias placas e árvores que não estão estabilizadas. Não há riscos para as residências, nós estamos fazendo monitoramento e, se houver risco, faremos a remoção preventiva”.

A chuva desta terça foi a pior do ano na cidade, mas a técnica frisa que os problemas causados nada tem a ver com a falta de infraestrutura. “Foi um volume de água muito excessivo para uma hora. Não existe estrutura em nenhuma cidade que comporte tamanha quantidade de água, foi um volume assustador”.

 

Céu na tarde de quarta-feira

Previsão – A previsão, segundo Patrícia, é de outras pancadas de chuva forte nos próximos dias. “A previsão é para que fevereiro o nosso município seja mais atingido, de acordo com a orientação da Casa Militar”. Sendo assim, ela faz um alerta: “Todas as pessoas que moram em área de risco ou perceberem que pode haver um desmoronamento, saiam de suas residências e entrem em contato com a Defesa Civil”.

Interdições – A maior parte das interdições de imóveis ocorreu da última quinta-feira para cá. Até o momento estão interditadas: 18 residências na Rua Manoel Dias Marcelino; 4 na Rua Afonso Zampol; 11 na Rua da Glória e está sendo feita uma revalidação, pois o risco aumentou; 10 na Rua João Gorzinski, onde o risco também aumentou; 5 na Rua Odeon; 2 na Rua Tropical; 1 na Rua Guilhermina Roncon; 1 na Rua Coronel Oliveira Lima; 1 na Rua Babilônia; 1 na Rua Eça de Queiroz; 1 na Rua das Quaresmeiras; 2 na Rua Professor Antônio Nunes; 1 na Rua Uirapuru; 1 na Rua João Ramalho; 1 na Princesa Isabel; 1 na Sabag Eid; 1 na Rua Jacarandá; 5 na Rua Paraisópolis; 5 na Rua das Hortência; e 1 na Rua Goiânia.

Alguns locais estão estabilizados, mas, mesmo assim, continuam sendo monitorados. São eles: “Morro do Embaixador; Serrano; Rua Ipiranga e Anchieta; Jardim Santa Rosa; Nossa Senhora de Fátima; Vila Suissa; Ouro Fino é pontual na Rua João Gorzinski, no Rancho Alegre; Parque Aliança; Vila Gomes; e Planalto Bela Vista.

A família de dona Maria foi uma das que tiveram que abandonar o local

O Mais Notícias acompanhou a Defesa Civil no fim da tarde de ontem durante visita para interdição de imóveis na Rua Paraisópolis, no Jardim Santa Rosa. Em uma área que compreende cinco imóveis, o risco de desabamento é grande, inclusive, com a chuva de terça-feira, uma enorme quantidade de terra deslizou e interditou a via. Uma das famílias que teve que abandonar o local onde vive há 18 anos foi a de Dona Maria Edileuza da Silva Oliveira, 35 anos. Ela, marido e cinco filhos, com idades entre 18 e 1 ano, foram para o abrigo da Prefeitura.

“É difícil ter que sair, eu não queria sair de imediato, mas tenho que fazer isso, pois pode acontecer coisa mais grave”, fala ela, completando sobre suas expectativas daqui por diante: “Agora é trabalhar e refazer tudo, porque se vão os anéis, mas ficam-se os dedos; o mais importante é a família”.

Grace Marli Biano dos Santos, 26 anos, também terá que deixar sua residência com o marido e o filho. Ela conta os problemas que já enfrentou no local. “Chegou até a entupir uma fossa e veio para dentro da minha casa, tive que jogar meu sofá fora”. Grace vai para a casa da sogra que mora nas proximidades do bairro, mas ela já sairia da residência de qualquer maneira, já que, em breve, estará com um novo lar. “Graças a Deus a gente teve uma oportunidade de fazer uma casa na Rua Tejo e vamos sair daqui”.

Mesmo sabendo dos riscos de desabamento, muita gente resiste em sair. “Para mim, não cai nada, normal”, diz uma jovem, que não quis se identificar.

Edy Carlos Dutra Caldeira, coordenador da Defesa Civil ressalta o trabalho do órgão: “Estamos lutando pela vida delas, tirando-as do perigo”. . bamento nas proximidades do bairro, mas em breve, estarps sair daqui. as, da Guarda Municipal e E pede a colaboração de todos. “O entulho é o causador de tudo”.

Rio Grande da Serra – Segundo a Defesa Civil do município vizinho, foi registrado apenas um pequeno deslizamento na Vila Lopes.

 Chuva forte traz ainda falta de água e de energia

 Não foram só os transtornos com alagamentos e os danos materiais que a chuva trouxe. Desde terça-feira (18), às 18h, a Estação Elevatória de Água – EEA Ouro Fino encontra-se inoperante devido à falta de energia elétrica. Com isso, ontem, os reservatórios estavam vazios, ocasionando falta de água em 80% do município de Ribeirão Pires e 50% de Rio Grande da Serra.

A Eletropaulo sofreu diversos danos em suas instalações devido às chuvas, e está trabalhando para retomar o fornecimento de energia elétrica da região do bairro Ouro Fino.

Após a normalização do funcionamento da EEA (ainda sem previsão), será necessário um período de 24 horas para a normalização do abastecimento dos pontos mais altos (Jd. Caçula, Jd. Esperança, Jd. Serrano, entre outros).

A Sabesp, em contato com a concessionária AES Eletropaulo, foi informada que a energia voltaria às 22h de ontem.

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