Por Antonio Carlos (Gazeta)
Sempre fui um democrata e acredito piamente que todos devem se inteirar da política, opinar, e participar.
Política tal como o futebol e religião é para ser discutido sim. Todos tem o democrático direito de expressar sua opinião. Numa discussão de bar por exemplo, estando no mesmo nível, quem tiver o melhor argumento acaba em vantagem na discussão. Numa sala de aula a coisa muda. Um professor geralmente acaba impondo suas ideias pela autoridade que exerce, além do maior conhecimento que detém sobre o assunto em pauta, aí o debate fica desigual.
Personalidades que tem acesso a mídia também levam vantagem ao declarar seus pontos de vista, e acabam influenciando aqueles que por pouco conhecimento ou admirar o personagem vem-se influenciados por sua fala.
O ocorrido no festival Lollapalooza quando um artista que lá está para mostrar sua arte levantou uma bandeira política, gerou reações dos que se julgaram prejudicados e foram a justiça que proibiu tais manifestações.
A gritaria foi geral entre grande parte da classe artística e mídia que tomou a medida como censura, e artistas não aceitam freios, desafiaram abertamente a ordem judicial, e subiram o tom a ponto de afixarem uma faixa que cobria todo o fundo do palco com a frase ‘’Fora Bolsonaro’’ e outro que pronunciou 17 vezes a mesma frase durante sua apresentação.
Não acho que um show com uma plateia de milhares de pessoas seja o palco ideal para esse tipo de manifestação. Com certeza fãs desses artistas que se manifestaram politicamente a favor de uma determinada corrente, e são partidários do outro lado, não se sentiram confortáveis com a situação.
O artista tem assim como todo o cidadão o direito de se expressar, porém o palco de sua performance é para mostrar sua arte e encantar seu público, existem ocasiões muito mais apropriadas para declarar sua opção política.
Ademais é muito fácil bradar ‘’Fora Bolsonaro’’ hoje, com grande parte da mídia a favor. Para mim isso se chama oportunismo.
Como disse no início sou um democrata, e fiquei profundamente irritado quando em um show, o Ivan Lins começou uma pregação política, só não deixei o local em respeito as pessoas que me acompanhavam.
Esperemos que a discussão gerada em torno do tema façam os artistas refletirem que os fãs são admiradores e amantes da sua arte e não de suas convicções ou interesses políticos.
Em Tempo: Não sou Lula nem Bolsonaro.
