Ser Professor – COLUNA DO CURSO DE LETRAS DA FIRP

Houve um tempo em que ser professor era status, tanto intelectual quanto social.

Já se foi o tempo em que professor, ao entrar na sala de aula, podia sentir-se superior aos alunos, sentir-se como o mais sabido naquele ambiente, que não podia ser contrariado ou desobedecido.

Foi-se o tempo em que professor jogava a matéria na lousa e explicava, muitas vezes, de costas, ou que, ao terminar a explicação, sentava-se a sua mesa e mandava os alunos fazerem cópias, resolverem os exercícios, etc., e o avisassem quando tivessem terminado.

Estão, a cada dia que passa, contados os dias do professor que quer manter distância de seus alunos, que os vê somente como mais um que passará por suas mãos, que não sente nenhuma responsabilidade por eles, a não ser a de ensinar. Esse professor já não encontra tão facilmente um emprego, principalmente em escolas particulares.

Podemos dizer que, graças a Deus, chegou ao fim o tempo em que professor intimidava seus alunos com ameaças, gritos, castigos físicos e morais, com reprodução de lições que eles erraram ou que não fizeram.

Para que precisamos ter em sala um professor que, como papagaio, reproduz o que aprendeu ou decorou, que não permite a participação ativa dos alunos, principalmente por receio de que sua eficiência seja questionada, que não consiga sanar as dúvidas dos alunos? Professor que não se atualiza, não lê e encara suas apostilas e livros didáticos como “bíblias”, que devem ser seguidas incondicionalmente, que não consegue desenvolver as aulas além do conteúdo desses materiais, não está mais preparado para ensinar nada a ninguém. Os alunos de hoje são mais exigentes, mais esclarecidos e merecem todo o respeito dos mestres.

Não que sejamos contra apostilas, livros didáticos ou qualquer outro material de apoio. Nosso questionamento começa a partir do momento em que o professor não consegue ir além desses materiais, não consegue distinguir o que deve ser alterado em sua forma de ensino, o que deve ser descartado e também o que pode ser seguido à risca.

O professor atual precisa muito mais que conhecimentos enciclopédicos e gramaticais que aprendeu nos cursos de formação. Precisa transformar a forma de transmitir conhecimento, precisa aprender que o significado de ensinar e aprender mudou muito. Precisa conhecer mais seus alunos e, a partir daí, planejar suas aulas.

Precisa saber que a gramática, por exemplo, não se consegue mais ensinar somente com base em nomenclaturas, com frases soltas, sem contexto. Precisa trabalhar esse assunto por meio de textos significativos, explorando situações que sejam do conhecimento de todos os alunos, que poderão, dessa forma, utilizar o que foi ensinado em seu dia a dia. É necessário também considerar a tecnologia que domina todos os setores hoje.

O professor precisa ler muito e incentivar seus alunos a lerem, a escreverem, a pôr em evidência a sua criatividade, principalmente se levar em consideração que usará muitos textos em sua aula.

Os dias atuais exigem que o professor tenha com seus alunos muito mais que uma simples relação entre professor e aluno. Ele precisa ser mais humano, conseguir enxergar cada um a sua frente como tal, dialogar ao perceber algum problema. Precisa cativar seu público e fazê-lo crescer pessoal e intelectualmente. Não precisa ser psicólogo, nem permitir que o desrespeitem, precisa apenas aprender algumas estratégias para a valorização da vida.

Por esses motivos, entre outros que poderíamos citar, é preciso rever também os cursos de formação de futuros professores, que não estão levando em conta essas transformações, as novas práticas pedagógicas. Esses cursos estagnaram e não percebem a necessidade de evolução.

Maria Aparecida Silva Simka é aluna do segundo semestre do curso de Letras das Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).

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