Após ter 167 vagas escolares fechadas nos últimos três anos pela gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, a Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência) iniciou um movimento para reivindicar do governo do Estado de São Paulo a rever a medida. Além de fechar as vagas, o governo de São Paulo não autorizou a matrícula de outros estudantes que aguardavam na fila.
“É uma situação absurda porque o governo estadual, além de retirar, sob critérios discutíveis, 167 alunos da escola, ainda não leva em consideração as avaliações da nossa equipe multiprofissional, que executa essa função delegada justamente pela Secretaria de Educação. O Estado manda profissionais do Centro de Atenção Psicossocial refazer a avaliação. Ou seja, gasta-se o dinheiro do contribuinte pela segunda vez, o que é completamente desnecessário”, explicou a superintendente da Apraespi, Lair Moura.
Um levantamento realizado pela Apraespi com os pais dos alunos aponta que todos procuraram a educação especial pelo fato de seus filhos não se adaptarem à rede pública de ensino e nela apresentarem graves problemas de aprendizado.
Ao contrário da rede pública de ensino, as escolas especiais, como a Apraespi e as Apaes, contam com salas de aulas adaptadas, educadores especializados em ensino para pessoas com deficiência, que trabalham integrados a uma equipe multidisciplinar da área da saúde, composta por psicopedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos.
Pais que tiveram os filhos transferidos para a rede regular de ensino reclamaram da mudança. É o caso de Michely Calixto da Rosa, moradora de Mauá, que viu a filha ter a vaga cancelada na Apraespi e ser transferida para uma escola regular contra a vontade da família. “Minha filha não aprendeu nada na escola pública, os professores não sabiam o que fazer, era um sofrimento terrível. Ela não precisa só ser socializada, ela não é um bicho. Minha filha precisa de uma escola onde ela evolua de verdade”, diz a mãe, que relata ter sido intimada pelo Conselho Tutelar por não matricular a filha na rede regular. “Eu não vou colocar minha filha onde ela não vai ser atendida com qualidade. Ela precisa estudar numa escola que dê pelo menos alguma chance de melhora.”
Com 50 anos de atuação, a Apraespi é o Maior Centro de Reabilitação do Grande ABC e uma das principais unidades de educação especializada do País. A Instituição oferece educação infantil, ensino fundamental, cursos profissionalizantes para pessoas com deficiência e educação específica para alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Ao todo, cerca de 700 estudantes são beneficiados diariamente.