Dia Mundial do Refugiado proporciona discussão sobre deslocamentos forçados

Salim Alnazer com sua esposa e filha mais nova

É reconhecido como refugiado toda pessoa que está fora de seu país de origem por ter sofrido perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, violência generalizada, conflitos armados, pertencimento a determinados grupos sociais ou graves violações de direitos humanos e não se sente protegida pelo próprio país. O Dia Mundial do Refugiado, celebrado na última quarta-feira (20), discutiu as ações que causam o deslocamento forçado e relembrou a situação desse conjunto de pessoas no Brasil.

De acordo com informações do CONARE (Comitê Nacional para Refugiados), órgão responsável pela análise de reconhecimento da condição de refugiado, o País tinha, em 2017, 86.007 solicitações de averiguação da situação de refugiado em trâmite e 10.145 refugiados reconhecidos, dos quais 39% são sírios.

Esse é o caso do farmacêutico Salim Alnazer, que atualmente mora em São Caetano e veio para o Brasil em 2014 com a esposa, que estava grávida de oito meses. “Saímos da Síria em 2012. Fiquei quase dois anos procurando por um lugar bom para começar a vida de novo, para continuar, porque onde estávamos não íamos mais conseguir trabalho e futuro. Vim para o Brasil e rapidamente me receberam. Eu não sabia nada, só conhecia o futebol”, diz.

Alnazer e sua esposa não sofreram discriminações e ataques ao chegarem, mas, segundo o farmacêutico, sentiram dificuldade com a língua e com a emissão de documentos, que “demoram” a sair. “As pessoas aqui não sabem muito inglês. Não sabíamos comprar, água, por exemplo”, conta.

Alnazer explica que é preciso ter coragem para deixar seu país, mas hoje se sente acolhido pelo Brasil. “Todo mundo aqui tem amizade, coração bom. Entramos refugiados, mas agora nos sentimos, somos brasileiros. Quando você passa por vários lugares, mas todos estão de portas fechadas e chega aqui, você se sente, de verdade, uma pessoa normal e em casa.”

Exposição fotográfica “Faces do Refúgio”

Os relatos de Alnazer e da esposa foram feitos na quarta-feira (20), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, durante evento que abriu a exposição fotográfica “Faces do Refúgio”, que pretende demonstrar quais as principais crises de deslocamento forçado da atualidade causadas por conflitos em países como Síria, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Mianmar, além de histórias de resiliência de crianças, homens e mulheres que enfrentaram violações de direitos humanos e buscam reconstruir suas vidas.

Na roda de conversa, estiveram presentes, além de Salim Alnazer e a esposa, a Chefe do Escritório do ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) em São Paulo Maria Beatriz Nogueira, o Secretário Nacional de Justiça Luiz Pontel de Souza e a repórter especial e colunista da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello.

A Exposição fica aberta até 30 de junho, de segunda a sábado das 6h às 22h e aos domingos e feriados das 10h às 22h no próprio Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073, Consolação). A classificação indicativa é livre e a entrada é franca.

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