Rio Grande da Serra comemora, na quinta-feira (3), 54 anos de emancipação político-administrativa. A cidade, que hoje conta com quase 50 mil habitantes (IBGE 2017), faz divisa com Ribeirão Pires, Santo André e Suzano e está totalmente inserida em Área de Proteção de Mananciais. Mas, muito antes disso, já fazia história.
A cidade se originou em 26 de maio de 1560 com a divisão de terras em Jeribatiba (Santo Amaro), a terceira aldeia construída pelos jesuítas, que buscavam catequisar os índios da região. Em 1640, a vila passou a se chamar Vila de Rio Grande, nome decretado pelo Marquês de Alegretti.
Naquela época, o transporte era feito em lombos de burros guiados por tropeiros – condutores de cavalos – que levavam cargas de sal trazidas de São Vicente. Para isso, era utilizado o Caminho do Mar – que liga o litoral ao planalto paulista. Na rota, os tropeiros também passavam por outros povoados, como o Alto da Serra e o da região de Zanzalá (São Bernardo).
Em uma das paradas dos tropeiros, um viajante faleceu. Uma lenda explica que no local de seu enterro foi construída a Capela de Santa Cruz, hoje conhecida como Capela de São Sebastião. A partir dessa capela se formaram outros povoados, também representativos para o avanço da cidade.
Mas foi em 1867 que notou-se o crescimento de Rio Grande da Serra. Neste ano, começou a funcionar a linha férrea São Paulo Railway (atual Linha 10 – Turquesa da CPTM), que tinha como objetivo ligar São Paulo ao Porto de Santos. A partir da linha, muitas pessoas começaram a chegar, inclusive imigrantes, que mais tarde iriam trabalhar na extração de carvão, manganês e grafite.
Já em 1927, Rio Grande da Serra conquista a Pedreira, que produzia pedras com a finalidade de, por exemplo, calçar vias, como a Avenida Paulista. Porém, no final da década de 1970, suas atividades foram encerradas. Hoje, é considerada a maior da América Latina, formando paredão de mais de 640 metros de comprimento e 70 de altura, utilizado para a prática de Rapel e Escalada.
A dona de casa Leonice Silveira Cascardi, 71 anos, mora há 55 em Rio Grande da Serra e se lembra da Pedreira. “Antes tinha campo de futebol, era arrumado e vinha muita gente de fora para campeonatos. Eu lavava os uniformes dos times. Me lembro que todo fim de semana era cheio de gente”, conta.
Filha de Leonice, a conselheira tutelar Laura Cascardi, 44, acredita que a Pedreira poderia ser “um campo fértil para turismo, trabalho e patrimônio, mas está abandonada”. Por outro lado, comenta que houve benefícios na cidade, como “crescimento econômico, asfaltamento e infraestrutura”. A conselheira espera que no futuro haja mais trabalho, cursos e recreação para os jovens na cidade. “Apesar de não termos a porcentagem da população para isso, quem sabe (não surge) uma faculdade com o tempo?”, sugere.