Por Gazeta
“Um dos mais rasgados encômios que um jornal já recebeu foi o que o Times de Londres ouviu durante a guerra da boca dos próprios alemães. Aconteceu que, no correr do ataque aéreo de 25 de setembro, sobre Londres, o edifício do Times apanhou em cheio uma bomba e o rádio nazista proclamou logo, triunfantemente aos quatro ventos, que a ‘voz da Inglaterra’ estava enfim silenciada. Os alemães, porém, se enganavam redondamente, porque o jornal continuou aparecendo com a regularidade habitual e nem só uma vez, durante a guerra, interrompeu sua publicação.
Episódios dessa natureza não têm sido tão raros no curso da já longa existência do venerando jornal. Por exemplo, durante a greve geral do operariado inglês, em 1926, alguém se lembrou de regar com gasolina, à mangueira, a sala de impressão, pegando-lhe fogo em seguida; nem por isso o jornal deixou de publicar-se […]”
Esse texto que podemos considerar raro é parte de matéria publicada na edição brasileira da revista Seleções do Reader’s Digest n° 47, de outubro de 1946. A releitura da matéria levou-nos a ponderar o que faz com que pessoas que poderiam ganhar a vida mais facilmente em outras atividades se atiram de corpo e alma para produzir e manter um jornal, preservando ao longo dos anos suas características mais marcantes.
Longe de querermos nos espelhar nesse gigante, nossa luta para colocar semanalmente o Mais Notícias nas ruas, às vezes, pode parecer incompreensível para quem nos acompanha. A satisfação de poder levar ao nosso público, digo nosso porque os redatores do Mais Notícias escrevem para um leitor sério, maduro, interessado em lê-lo do início ao fim. Contrário ao sensacionalismo de manchetes espalhafatosas e textos curtos e concentrados, a marca do Mais Notícias são textos densos, carregados de informações confiáveis.
Ao longo desses quinze anos, com 808 edições publicadas, um bebê em se tratando de jornal, temos mantido essa mesma linha, apartidária, quase sempre, porém, em apoio ao governo estabelecido, não hesitando, entretanto, em ataca-lo quando, segundo nossos padrões, se desvia dos objetivos corretos. Sentimo-nos felizes e realizados por chegar à esses números, confiantes na continuidade do projeto.
*O Times foi alcunhado de “Trovão” porque troveja quantas palavras encontrar à favor dos leitores.