Por Gazeta
Por muito tempo, de forma jocosa – e racista – foi popular no Brasil uma frase afirmando que, neste país, cadeia era só para quem tinha “P” – pobre, preto e puta. Isso porque criminosos poderosos em função de seus recursos financeiros, tráfico de influências ou foro privilegiado, em toda nossa história se mantiveram fora da cadeia, graças a brechas em nossa legislação penal aproveitadas pela primorosa atuação de hábeis e caríssimos escritórios de advocacia, bem como práticas espúrias como suborno, ameaças e fuga, entre outros meios.
A deflagração da Operação Lava Jato parece estar colocando um ponto final na horrível crença de que apenas os discriminados e pouco favorecidos socialmente cumprem penas atrás das grades.
Políticos de primeiríssimo escalão, como José Dirceu, braço-direito do ex-presidente Lula, José Genoíno, ex-presidente do PT, Delcídio do Amaral, ex-líder do governo no Senado, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro e outras figuras que não cabe aqui citar, estão cumprindo penas, assim como empresários umbilicalmente ligados a eles, como Marcelo Odebrecht, simplesmente o maior empreiteiro do país.
O ápice (até aqui) se deu com a prisão, na última terça-feira, do homem que já foi detentor da oitava maior fortuna do mundo, Eike Batista, com direito a cabelo cortado rente, uniforme da prisão e até mesmo algo distante da rotina de milionário: café de canequinha (velha) e pão com margarina junto a outros seis companheiros em uma cela comum, já que o outrora “ricaço” não tem curso superior.
Entrevistado pela Rede Globo na última segunda-feira, em Nova Iorque, declarou que a Operação Lava Jato “passará o Brasil a limpo” e que haverá “um Brasil antes e depois” da operação comandada pelo juiz paranaense Sérgio Moro.
Vamos torcer para que o vaticínio seja real. Só assim teremos um país mais justo e menos corrupto.