Em seu segundo mandato, Gabriel Maranhão (PSDB), prefeito de Rio Grande da Serra, tem como objetivo a busca de uma forma mais eficaz de governar a cidade. Para isso, estabeleceu a meta de implantar uma antiga demanda da sociedade: investir em uma gestão de mais qualidade.
“O grande segredo é saber montar um bom time, com pessoas qualificadas e desejo de contribuir para o projeto. Quero implantar a meritocracia. Se queremos desenvolver a cidade, a sociedade, isso tem que ser feito, é algo que a iniciativa privada já faz com sucesso: reconhecer o valor das pessoas que fazem por merecer”, explica o prefeito, antes de ressaltar que essa mudança é fundamental: “Para que a engrenagem funcione, é preciso mais gestão, organização. A população deu o recado nas ruas, temos que ouvir. E é nisso que iremos trabalhar em Rio Grande da Serra. Até pela crise, a iniciativa pública está motivada a implantar esse sistema”.
Economia – Com uma equipe qualificada, Maranhão poderá lutar contra outro grande problema da cidade: a baixa arrecadação. Para isso, além do choque de gestão noticiado recentemente pelo Mais Notícias, o prefeito de Rio Grande da Serra está elaborando um planejamento com cada setor da gestão, individualmente: “Estou me reunindo com cada secretaria para fazer um projeto adequado, baseado na arrecadação do ano passado. O que estamos fazendo é trabalhar a questão financeira, já que temos a expectativa de ver a economia (voltar a) crescer só no ano que vem. Falando especificamente em números, para se ter uma ideia, o nosso orçamento é de R$ 1.200 por habitante, enquanto São Caetano trabalha com R$ 8 mil. Outra comparação: o que temos de arrecadação para o ano todo, São Bernardo tem em menos de uma semana. É uma disparidade muito grande que ilustra o tamanho do desafio que temos em mãos”.
A ideia de Maranhão é, além das medidas de contenção de gastos, também otimizar a cobrança e a arrecadação, o que dará ao município mais poder para investimentos. Isso virá a partir de uma série de ações, como a atualização da Planta Genérica, que data de 2002: “com a planta defasada, todos pagam o tributo da forma incorreta. Hoje há um descompasso entre despesas e obrigações financeiras e temos que chegar a um ponto de equilíbrio. Eu tenho até 2020 para pagar os precatórios e as contas têm que fechar. Estamos economizando o possível”.
Além disso, um dos desafios é otimizar a arrecadação de impostos. “Em uma cidade comum, o IPTU representa cerca de 20% do orçamento. Em uma turística, como Campos do Jordão ou as do litoral, 40%. Já em Rio Grande da Serra, o IPTU é apenas 4,5% do orçamento. Por conta da crise, a população não está pagando impostos em dia, o que acaba por refletir em outros setores. Vou usar como exemplo a taxa do lixo que é cobrada junto ao IPTU. No ano passado, tivemos apenas R$ 800 mil de arrecadação e uma obrigação de R$ 2,4 milhões. É uma conta não fecha”.
Para esse setor, no qual a cidade já enfrentou problemas, o prefeito busca soluções inovadoras para que a arrecadação não seja comprometida: “Há uma grande inadimplência no IPTU, fruto também de políticas populistas que dão descontos a quem paga com atraso. Eu quero fazer diferente, premiar o bom pagador. A ideia é, a partir do ano que vem, dar um desconto que poderia chegar a até 10% a quem pagar em dia. Vamos levar ao Consórcio ABC a ideia de que todas as cidades conveniadas à Sabesp para distribuição de água cobrem a taxa do lixo junto à conta de água, seguindo o exemplo da CIP (Contribuição sobre Iluminação Pública), que é cobrada junto a conta de luz. Queremos mudar a forma de arrecadação para diminuir esse descompasso”.
Olhando a frente – Neste segundo mandato, Gabriel Maranhão está focado em investir no futuro da cidade. Para isso, quer mais investimentos em cultura e educação, fazendo uso da ETEC: “Quero fazer uma gestão próxima ao Paula Souza no intuito de mostrar que há demanda reprimida (de cursos profissionalizantes) na nossa região. Por exemplo, temos o plástico, cadeia que mais emprega depois da Construção Civil, com grandes empresas como a Braskem e a Solvay. Eu quero trabalhar junto ao Centro Paula Souza (mantenedor da ETEC) para que isso aconteça. E também buscar o apoio de empresas para empregar essa mão de obra capacitada que será formada aqui na cidade. Não há saída para a crise sem investimento em educação”.
A grande obra da primeira gestão foi o Complexo Educacional Zulmira Jardim Teixeira, no Centro, que também deu um grande impulso à vida cultural da cidade. Mas, e para os próximos anos, qual a meta? “Quero dar oportunidade para que essa geração que está chegando eleve sua alma, o seu ser e a Cultura é o meio mais saboroso de se alcançar a plena educação. Temos aqui, desculpe pela falta de modéstia, um dos melhores teatros do ABC Paulista que já dá flores neste chão rochoso, com artistas de Rio Grande da Serra surgindo e ganhando palcos como o do Theatro Municipal de São Paulo. Enfim, nos próximos quatro anos, meu maior desafio é deixar um legado”.
Outra meta é criar departamentos especializados, como o de trânsito. “Tenho intenção de montar uma estrutura significativa para a criação da Secretaria Segurança Pública, com três departamentos: Transito, Guarda Civil e a Defesa Civil, sem esquecer, claro, da gestão financeira. Estamos fazendo um estudo das finanças (para viabilizar). Enviarei uma reforma administrativa na primeira sessão da Câmara, na semana que vem, para contemplar as mudanças no governo”.
Ataques de rivais – Por fim, Gabriel Maranhão comentou sobre ataques que recebeu de adversários políticos, que levantaram hipóteses a respeito de uma eventual interrupção de seu mandato. Após lembrar que, na região, foi um dos únicos eleitos a ter mais votos que a somatória de brancos e nulos, foi direto no comentário: “O que eu posso dizer sobre isso é que eu já desci do palanque, mas meus rivais continuam em cima dele. Peço para que eles desçam. A eleição acabou, vivemos outro momento e estou trabalhando para administrar a cidade”.