Com o agravamento da crise econômica nacional mais pessoas estão deixando de usar os planos de saúde para buscar atendimento no Serviço Público, sobrecarregando o setor. Isso é reflexo da elevação do desemprego, que chegou a atingir 11,2% em abril, e do aumento da inflação.
Segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde), nos primeiros cinco meses deste ano os planos de saúde perderam 788 mil usuários, em sua maioria classe média ou trabalhadores (cujo plano era oferecido por empresas). Em Ribeirão Pires a situação não é diferente e a demanda reflete nos postos de saúde e UPA que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo a Secretaria de Saúde e Higiene, UBSs de Ribeirão Pires e a UPA estão “com considerável aumento no número de atendimentos, não apenas em decorrência de viroses, mas também pelo número de usuários que ficaram sem planos de saúde neste período”.
Um dado que agrava a situação é a dificuldade que municípios tem em investir na Saúde Pública por conta da queda na arrecadação geral do Poder Executivo. Em 2016 o Governo Federal, por exemplo, teve a menor arrecadação de impostos nos últimos seis anos. Em maio a queda foi de 4,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro a maio deste ano o recuo foi de 7,4%.
“Muitas operadoras entraram em declínio, a exemplo da Unimed Paulistana, uma das mais estruturadas do país, e outras tantas passaram a ter restrições, o que leva o beneficiário a buscar a defesa de seus direitos na Justiça”, afirma o advogado especialista em planos de saúde, Bruno Teixeira. “Essas pessoas que ficam sem o plano tendem a migrar para os sistemas públicos, mas a maioria que continua segurada desconhece a totalidade de seus direitos e acaba pagando por serviços particulares ou padecendo nas imensas filas do sistema público de saúde. Por isso é importante buscar informações e garantir aquilo que foi acordado em contrato e, principalmente, está previsto na legislação aplicável”, conclui o advogado.
A ANS informou que existem atualmente 48.623 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares no Brasil. Em maio de 2015, esse número chegou 50.055 milhões. Só no último mês de abril, a queda registrada foi de 30 mil clientes.