Surto de H1N1 antecipado inspira atenção das autoridades

 Já foram vacinados 47,40% da estimativa inicial de 22.803 do município

Gripe Suína terá vacinação antecipada

Com a confirmação de três mortes em decorrência da gripe H1N1, a popular Gripe Suína, na região, sendo dois em Santo André e um em Mauá o sinal de alerta contra a doença foi aceso uma vez que, neste ano, a doença, cujo nome oficial em seu estado mais grave é Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), chegou antes do inverno, período onde é habitualmente mais presente.

Ainda sob a sombra do surto de 2009, quando foram contabilizados 700 casos e 21 mortes no ABC, a população tem se mostrado temerosa a respeito de uma repetição do fato. Em todo o Estado de São Paulo, até o último dia 22, foram notificados 324 casos e 42 óbitos por SRAG atribuíveis ao vírus Influenza. Desse total, 260 casos e 38 óbitos foram relacionados ao vírus H1N1, número superior a todo o ano de 2015 quando foram 342 casos de SRAG notificados em todo o Estado.

Esta antecipação, segundo infectologistas, está relacionada ao grande número de turistas brasileiros que estiveram nos Estados Unidos, mais especificamente a Flórida, recentemente. “Desde janeiro, constatamos quadros de pessoas com sintomas de gripe, ou seja: febre, coriza, dores no corpo e muitas vezes tosse, características de uma doença basicamente de inverno. Com isso, mesmo em um momento em que surgem cada vez mais casos de dengue, chikungunya e zika vírus, temos muitos registros de gripe suína também”, afirma o infectologista Artur Timerman, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, de São Paulo. O profissional ressalta ainda que, justamente por conta da presença destas outras doenças, há um risco maior de diagnóstico incorreto, uma vez que os sintomas da H1N1 podem ser confundidos com os da dengue: “Nem todos os casos são dengue, chikungunya ou zika. Como estamos vivendo esta epidemia, acabam pensando que o paciente tem essas doenças e se esquecem de fazer o diagnóstico correto de gripe”.

Exatamente por isso, o Governo do Estado de São Paulo resolveu antecipar a vacinação contra gripe na Capital e na Região Metropolitana, onde incluem-se Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Desta maneira, as doses que protegerão a população contra os vírus A/California (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane, serão distribuídas já no início da próxima semana, por etapas.

O primeiro lote, distribuído até 8 de abril, será destinado a profissionais de saúde de hospitais públicos e privados (532,5 mil pessoas). A ideia é que todos os hospitais desses municípios recebam as doses para a realização de campanhas internas. Na segunda etapa, a partir do dia 11 de abril, serão imunizadas as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos (982,8 mil), para as gestantes (179 mil) e aos idosos (1,83 milhão), o que chegará a soma de quase 3 milhões de pessoas imunizadas. Os outros grupos e cidades do Estado de São Paulo receberão a vacina a partir do dia 30 de abril, de acordo com o calendário do Ministério da Saúde.

“A antecipação é muito importante. Os profissionais de saúde terão contato direto com um grande número de pessoas que podem estar com o vírus e precisam estar protegidos, até para continuar cuidando dos pacientes. Já em relação aos idosos, crianças e gestantes, a importância se deve pela relação mais direta que esse público tem com os casos mais graves da doença”, afirma o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip.

A Secretaria de Saúde de Ribeirão Pires, em contato com o Mais Notícias, informou que o calendário da cidade será confirmado em reunião a ser realizada hoje junto com os representantes das pastas das outras seis cidades.

Casos suspeitos

Em Ribeirão Pires, segundo a Prefeitura, há três casos suspeitos de H1N1 que estão sob investigação e aguardam confirmação pelo Instituto Adolfo Lutz, sendo duas pessoas da cidade e uma de Suzano. Já na rede particular, segundo uma fonte, houve três casos atendidos pelo Hospital Ribeirão Pires. A instituição de Saúde, contudo, não confirmou.

Medicação

O Tamiflu (Oseltamivir), medicamento que custa cerca de R$ 180 e é usado para o tratamento da doença, está em falta no mercado. Entretanto, a rede pública de Ribeirão Pires dispõe da medicação: “a Secretaria de Saúde dispõe de estoque que tem atendido normalmente a demanda, mas a Prefeitura se antecipou a um possível aumento de casos e já solicitou um novo lote de medicamentos junto ao Governo do Estado de São Paulo”.

Prevenção

O contágio e a transmissão pelo H1N1 são pelo ar ou por contato direto com secreções respiratórias de pessoas infectadas, presentes na tosse ou espirro. Sofrem mais com a doença as grávidas, crianças com menos de 5 anos, pessoas com doenças que atacam a imunidade (crianças e adultos em uso de corticoides em altas doses, quimioterápicos, portadores de neoplasias e HIV) e idosos com mais de 65 anos.

Os sintomas da gripe H1N1 são semelhantes aos causados pelos vírus de outras gripes. No entanto, requer cuidados especiais a pessoa que apresentar febre alta, acima de 38º, 39º, de início repentino, dor muscular, de cabeça, de garganta e nas articulações, irritação nos olhos, tosse, coriza, cansaço e inapetência. Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarreia. Por isso, é fundamental buscar assistência médica caso algum dos sintomas seja detectado.

Para evitar a transmissão, é fundamental cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir; usar lenço de papel ou a dobra interna do cotovelo, para espirrar ou tossir; descartar sempre o lenço após o uso; manter a higiene das mãos com água e sabão ou álcool gel; evitar tocar boca, nariz e olhos com as mãos, não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal, evitar locais onde haja surto da doença e manter os ambientes sempre ventilados e limpos.

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