Na última semana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à imprensa pela publicação de denúncias envolvendo membros do governo. “Acho que liberdade de imprensa é uma coisa sagrada. Agora, a liberdade de imprensa não significa que você pode inventar coisa o dia inteiro; significa que você deve orientar corretamente a opinião pública”, disse ele, acrescentando que “alguns jornais e revistas se comportam como se fossem partido político e não têm coragem de dizer que são partido político”.
Após as declarações, juristas que marcaram sua trajetória na luta pela preservação dos valores fundamentais lançaram, na quarta-feira (22), o Manifesto em Defesa da Democracia, com críticas ao presidente.
Uma parte do pensamento jurídico e acadêmico do País que endossou o protesto chamou Lula de fascista, caudilho, autoritário, opressor e violador da Constituição e o comparou a Benito Mussolini, ditador da Itália nos anos 30.
Entre os signatários do Manifesto, estão o jurista e fundador do PT, Hélio Bicudo; os ex-ministros da Justiça José Gregori, Paulo Brossard, Miguel Reale Júnior e José Carlos Dias; o embaixador Celso Lafer; o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso; o arcebispo emérito de São Paulo, Dom. Paulo Evaristo Arns; os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola; os historiadores Marco Antonio Villa e Boris Fausto; além dos atores Carlos Vereza, Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho.
“Na certeza da impunidade (Lula), já não se preocupa mais nem mesmo em valorizar a honestidade. É constrangedor que o presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia”, falou Hélio Bicudo.
Em função da polêmica, Lula amenizou suas declarações referentes à mídia, durante ato político ao lado da candidata à presidência, Dilma Rousseff (PT), na noite de sexta-feira (24), em Porto Alegre. “A imprensa é muito importante. A gente às vezes fica zangado quando a imprensa fala mal da gente, a gente fica feliz quando a imprensa fala bem. Quando a matéria dos jornais sai falando mal, ninguém gosta, quando fala bem o ego da gente cresce. A gente precisa ter humildade. Democracia é exatamente isso, cada um fala o que quer, e o povo na ultima hipótese faz o grande julgamento, balizando e consolidando a democracia”, afirmou.