No último dia 30 de abril, a sessão entre os vereadores na Câmara Municipal de Ribeirão Pires foi diferente. Ao invés da tradicional votação de requerimentos e projetos, os políticos abriram espaço para um evento com a temática dos horrores da Ditadura Militar, que completa 50 anos de instalação em 2014.
A oradora do evento foi a jornalista Vilma Amaro, que contou a própria história durante a Ditadura, como quando houve a renúncia de João Goulart e a reação nas escolas Municipais. “Nós, alunos, não quisemos entrar na aula”, contou. Entre outras coisas, ela também falou de como Ribeirão Pires era nessa época.
Depois dela, o ex-sindicalista e representante da AMA-A/ABC(Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC) Augusto Portugal foi chamado para falar sobre o assunto. Criticou a burguesia e o imperialismo que, segundo ele, eram os donos do país, e ressaltou: “Existem problemas de 50 anos atrás que ainda não foram resolvidos”.
Portugal também alegou que os trabalhadores e sindicatos foram os primeiros atingidos pela Ditadura, e disse que “a violência e tortura em delegacias e contra jovens carentes ainda acontece”. Para fechar, ainda criticou o sistema de governo atual. “É uma democracia oligárquica e de meia tigela.”
Já o militante José de Lima criticou o artigo escrito pelo editor do Jornal Mais Notícias, o Gazeta, em prol do governo militar. “Ele disse que havia paz naquela época? Só se for a paz do cemitério!”. Ele mostrou estar bastante irritado e indignado com os acontecimentos daquela época.
Jovair Santana fez questão de destacar que o PT (Partido dos Trabalhadores) foi trazido para Ribeirão Pires em 1981 por ele e por Lima, e ainda falou dos dois lados dos avanços que os militares trouxeram para o país. “O progresso traz bondade e traz a ruína.”
Já o munícipe Sérgio Borges também se mostrou irritado e alegou que os militares levaram os presos políticos para a Amazônia e os deram para jacarés comerem. Vale salientar que todos os convidados elogiaram o vereador Renato Foresto (PT) pelo Projeto de Lei que cria a Comissão da Verdade em Ribeirão, que seria votada nessa mesma sessão.
Votação
Ao fim do evento, o presidente da Câmara, o vereador Banha (PDT) anunciou um recesso de 30 minutos, mas que demorou uma hora. Ao voltarem, os parlamentares, a pedido de Foresto, aceitaram votar os projetos antes dos requerimentos, e ao invés de fazerem isso com os 19 itens previamente indicados, acabaram por votar apenas a da Comissão da Verdade.
Todos os vereadores aprovaram a instalação da Comissão no Município. Ao falar do sucesso do Projeto de Lei, Renato recebeu flores do munícipe Manoel Marques por conta da aprovação, e agradeceu a presença dos sindicalistas no local. Já na Tribuna Livre, ele voltou a criticar os secretários da cidade, alegando que eles estão fazendo campanha política antecipada. Os requerimentos foram votados em bloco, ou seja, todos foram aprovados ao mesmo tempo.