Por Danilo Meira, jornalista responsável pelo Mais Notícias
Inicio este artigo deixando claro que sou a favor da realização da Copa do Mundo no Brasil. Essa frase é importante pois estou, democraticamente, me colocando contra os protestos realizados na semana passada em várias cidades do país contra a realização do evento que tem início agendado para o dia 12 de junho.
A palavra de ordem mais recorrente dentre os manifestantes (que não passaram de 3 mil em São Paulo) era “não vai ter Copa”. Obviamente, respeito o democrático direito ao protesto, mas da mesma maneira me oponho ao objeto do protesto. Ora, lembremos que foi o Brasil quem quis receber o evento e fez todo o lobby possível para que Argentina e Colômbia sequer apresentassem suas candidaturas há oito anos e que há sete anos o país foi confirmado com grande festa. Isso posto, houve tempo mais do que hábil para deixar tudo pronto. Não há, portanto, motivos para que agora, há pouco mais de quatro meses para o início estejamos com obras atrasadas.
É também muita ignorância (ou desconhecimento de legislação) achar que o dinheiro investido no Mundial seria automaticamente revertido em outros setores como Saúde e Educação, para dizer os mais solicitados, afinal estes setores contam com as chamadas verbas carimbadas. Só no primeiro deles, por exemplo, a União investiu quase R$ 100 bilhões apenas no ano de 2013, sendo que esse montante não contabiliza os gastos de estados e municípios. É lógico que temos a Copa mais cara da história, ao custo de R$ 11 bilhões (que descontados os empréstimos a serem pagos cai para R$ 7 bilhões), mas ainda assim, é um dinheiro que trará legado como, por exemplo, o Complexo Viário de Itaquera, que estava no papel há anos e hoje virou realidade que irá ajudar muito o bairro, as reformas em aeroportos (ainda que não fiquem prontas a tempo) e o VLT de Cuiabá.
Voltando aos protestos, não faz sentido algum quebrar lojas, bancos e afins, em uma mostra de vandalismo barato. Essa “quebradeira”, além de não acrescentar em nada, não vai ao foco da questão: há sim dinheiro para tudo, inclusive saúde e educação, haja vista a enorme quantidade de impostos pagos todos os anos por cada um dos brasileiros. Ou seja: a reclamação está indo para o alvo errado, já que o problema é de gestão. A culpa, caros amigos, não é do futebol, mas sim de nossa desorganizada e corrupta estrutura política que precisa ser revista imediatamente. E isso, certamente, os acéfalos “black blocs” nunca irão perceber.