No ano passado, por três oportunidades, o Jornal Mais Notícias abordou o caso do aterro, vulgo “Bota-Fora”, da Rua Bahia, na Santa Luzia, em julho, agosto e setembro. O local estava recebendo terra e entulho aparentemente de outra cidade, gerando uma série de reclamações.
À época, a movimentação de terra foi embargada, sendo que a CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), identificou irregularidades como deslizamento do material jogado para a área de preservação ambiental, com a presença de entulho e materiais de origem desconhecida, sendo necessária “a estabilização, contenção e conformação da obra” e segregação e recolhimento de todo o material diferente de terra limpa. O embargo foi retirado em setembro de 2012 sob promessa das empresas responsáveis (PGE Ambiental e FIG Incorporadora e Construtora) repararem as vias e seguirem os padrões da CETESB, de acordo com a Prefeitura.
Passados sete meses, em nova visita ao local, constatamos que a situação está pior do que antes. O aterro já está consolidado de uma forma que sua reversão se torna muito complicada e há uma espécie de guarita no local com uma chapa de madeirite improvisada como portão, como que para afastar eventuais olhares curiosos ou indignados, Já a rua lembra um campo de guerra, tamanha a quantidade de crateras.
Uma moradora, que não quis se identificar, mostrou-se sem esperanças de ver alguma solução: “já tentamos e continuamos tentando de tudo, mas parece que não tem jeito”, contou. “Esse aterro nos deixou sem ônibus e com a rua nesse estado”, completou. Ainda sobre os coletivos, relatou que a rua ficou por uma semana sem o serviço que só foi retomado após uma espécie de nivelamento da rua. “Ainda assim, eles precisavam andar pelas calçadas para cumprir o trajeto”, disse a munícipe. Para piorar, segundo relatos, ainda são esperados cerca de 3.000 caminhões até o final do ano. “E se alguém precisar de uma ambulância, como fica?”, questiona outro munícipe que transitava no local.
Toda essa situação gerou indignação entre os vereadores que, na última semana, assinaram uma moção conjunta, de autoria do vereador Flávio Gomes (PPS) pedindo providências e mais fiscalização no local, subscrita por todos os pares, questionando se a obra é regular, se está sendo fiscalizada e também a situação das vias. “O meio-ambiente está sendo prejudicado”, ressaltou o edil. Renato Foresto (PT), endossou e parabenizou a iniciativa e lembrou: “Ribeirão Pires está 100% localizada em uma área de mananciais e, por isso, temos que fiscalizar estas empresas que vem a cidade para destruir, deixando os danos para trás”.
Consultada, a Prefeitura não respondeu aos questionamentos sobre a legalidade da obra, a presença ou não de licenciamento ambiental, a responsabilidade sobre a manutenção e prazos para que a rua esteja em ordem. O Jornal Mais Notícias seguirá acompanhando o caso.