Por muito tempo, o sexo frágil foi a melhor definição para a mulher, mas a história mostra outro ponto de vista que foge desta imagem de fragilizadas. Como prova, temos uma história que conta muito sobre a trajetória feminina.
Revolucionar e ser revolucionária, palavras que historicamente caminharam juntas e fizeram à cabeça de muitas mulheres. Mas ser uma pessoa de opinião, pode não ser fácil e isso vale para o convívio familiar e trabalho.
Para conquistar o direito de escolha, as mulheres precisaram travar verdadeiras batalhas, que ainda hoje perduram. “Por opção escolhi ser freira e entrei na congregação das Irmãs Paroquiais de São Francisco em Santa Catarina, aos quinze anos. Sempre quis ajudar as pessoas”, explica Irmã Nelli Eyng.
A vida na congregação segundo a irmã não foi fácil, muito trabalho é pouca ação social. Em 1966, veio morar na capital paulista. “Ao chegar em São Paulo, vi as oportunidades aumentarem, me formei em magistério e fazia o trabalho de auxiliar na ordem paroquial. Por iniciativa própria, visitava hospitais, delegacias, favelas e ajudava alcoólatras”.
A vida voltada para a comunidade revelava grandes dificuldades, “meu trabalho não agradava, e enfrentei problemas com um padre que era responsável pela Congregação. Assim, fui transferida várias vezes. Minha opinião não era bem aceita, pode-se dizer que fui acusada de ter ideias muito revolucionárias”.
Ter personalidade e garra é fundamental para qualquer profissão, “fiz minha escolha de trabalho e não me arrependo, fui muitas vezes chamada de louca. Mas o que importa é que ajudei a muitas pessoas doentes, famílias que não tinham condições de realizar o enterro de seus entes queridos, fazia arrecadações para conseguir dinheiro, recuperei alcoólatras e ajudei em processos de adoções. Em nenhum momento senti medo ou recuei”.
A vida reserva muitas surpresas, “muitas vezes ficava admirada com as pessoas, em meu trabalho social nunca fui tratada com diferença ou preconceito, infelizmente na paróquia não sentia o mesmo”.
Para obter respostas e está pronta para enfrentar os obstáculos, “minha arma foi o estudo, sou formada em psicologia, parapsicologia e assistente social. Percebi que ser instruída ajudaria cada vez mais o meu trabalho, e sem dúvida em meus argumentos que ficariam cada vez melhores”, explica Nelli Eyng.
O preconceito existe, fazendo parte do passado e do futuro. Mas o que deve ser ressaltado é o que pode ser feito para solucionar os problemas, “a mulher é capaz de exercer e desenvolver qualquer trabalho, e sem dúvida melhor do qualquer homem, basta ter a coragem como aliada”, conclui a Irmã.