Onde vamos parar? Já paramos…

Há alguns anos, um dos grandes motivos para se estar em Ribeirão Pires era justamente o fato de a locomoção na cidade não ser algo complicado, independente da hora. Trânsito parado por aqui era coisa rara, daqueles dias em que seria inevitável como, por exemplo, em vésperas de Natal e Ano Novo.

As únicas medidas para aliviar o trânsito são para médio e longo prazo

O tempo passou e algo mudou. Hoje, mesmo em domingos e feriados temos nossa própria “Hora do Rush” que, se não é tão intensa quanto a de São Paulo, incomoda na mesma medida já que como a da grande metrópole, nos faz perder tempo, paciência, dinheiro e ainda prejudica a natureza dada a grande quantidade de combustível desperdiçado.

Não é necessário ser engenheiro de tráfego para eleger os pontos de complicação da cidade. O primeiro deles, o mais evidente, é a Avenida Santo André, com sua mão dupla de pista simples que destoa da condição de principal coletora do tráfego advindo das rodovias Índio Tibiriçá e Deputado Antônio Adib Chammas e de ligação com o restante do Grande ABC, junto com a Humberto de Campos, sua continuidade. A seguir, podemos até elencar a Rua Capitão José Gallo e a Avenida Francisco Monteiro, mas há um gargalo que é insuperável: o entroncamento entre a Avenida Fortuna e as ruas Dr. Felício Laurito e Boa Vista que, durante quase todo o dia é um verdadeiro exercício de paciência para qualquer motorista e mais ainda para um turista que chega à Ribeirão Pires em busca de um oásis de tranquilidade.

A origem – Hoje, Ribeirão Pires tem 298 anos de vida (e 59 de emancipação política) e, segundo a Prefeitura, tinha, até ontem (13 de novembro de 2012) uma frota de exatamente 64.830 carros, ou cerca de 0,6 carro por habitante, uma média idêntica à da capital paulista que é muito maior territorialmente que Ribeirão Pires.

O crescimento de veículos na cidade impressiona. Voltando no tempo, em 2002, considerando que a cidade fechou o ano com 24.129 veículos, houve em 10 anos um aumento de quase 154% neste número, sendo que a cidade ganhou, em sua região central apenas uma nova via, a travessa Gilberto Pereira de Figueiredo, localizada atrás do Paço Municipal que, se muito, tem 100 metros de extensão. Fora isso, apenas mudanças de sentido de vias, instalação de semáforos e pinturas de vagas de carga e descarga. Ou seja, muito pouco, o que justifica o problema intenso que temos na circulação da cidade.

“O leito viário de Ribeirão Pires é antigo, principalmente na região central – Avenida Capitão José Gallo e Avenida Santo André, por exemplo. O crescimento do tráfego nesses pontos é, portanto, reflexo do aumento da frota de veículos, não apenas em Ribeirão Pires, mas em todo o país, em vias que não comportam volume tão grande”, explicou a Prefeitura.

Dores de cabeça – Com o aumento da circulação de veículos, “importamos” grandes problemas, o mais notável deles, como já falamos, no trânsito da região central que, usando uma linguagem popular, está “travado” em vários momentos do dia. A motorista Gisele Fagundes, da Capital, que estava justamente no cruzamento mais crítico da cidade fez severas críticas: “É impossível andar por aqui, a sinalização está confusa. Saí do farol e quase bateram no meu carro”, conta. De fato, observando o cruzamento, vemos que ele é fonte de grandes dores de cabeça – em que se pese a falta de educação de alguns condutores que insistem em “furar” o sinal vermelho.

Na Avenida Santo André, o cenário é similar aos fins de tarde (inclusive em domingos e feriados), com uma longa fila que se inicia nas imediações da Ponte Seca e, nos piores dias, se estende até a Avenida Humberto de Campos. Para o ex-agente de trânsito Samuel Nunes, é possível solucionar o problema: “No Centro, é preciso sincronizar melhor os semáforos, além de ajustar o sistema para que os pedestres também possam trafegar com mais tranquilidade”, explica. “Na Avenida Santo André, também é preciso ajustar a sincronia dos faróis da APRAESPI, Igreja Matriz e Praça José Elias Fernandes”.

Paramos, mas não como desejado – Se o trânsito para, a solução é andar a pé. Mas até para isso há problemas. A cidade perdeu recentemente mais de 100 vagas de estacionamento com o desmonte da velha rodoviária e o emparedamento do 45 graus, agravando ainda mais a situação e tornando o ato de parar o carro para estacionar no Centro uma grande aventura, mesmo em estacionamentos privados. Isso mesmo com a Zona Azul, o estacionamento rotativo, na cidade. Com isso, não é raro ver motoristas dando diversas voltas para encontrar uma vaga, causando mais trânsito e confusão, afetando também os que fazem uso do transporte coletivo, que trafega em uma velocidade mais lenta que o desejável.

Futuro – Mesmo sendo uma cidade pequena, Ribeirão Pires terá nos próximos anos o trânsito como um dos grandes problemas. Para achar uma solução, a nova administração terá muito trabalho, afinal, mais do que um incômodo, o trânsito se mostra um gargalo sério que pode travar o desenvolvimento da cidade. Com a palavra, o novo prefeito Saulo Benevides, que promete investir na melhora do transporte coletivo para melhorar o trânsito: “Queremos fazer uma mini-rodoviária na parte de cima, interligada por escada rolante com a de baixo. Desta forma, os ônibus que circulam naquela área ficariam por lá”, explicou.

O novo prefeito detalhou os impactos da empreitada: “Com isso, 20% dos ônibus municipais deixariam de circular pelo Centro, além de intermunicipais. Já há uma área para isso. É um projeto mais próximo da realidade, já que poderemos usar recursos próprios, do Fundo de Transporte”.

Para solucionar a questão do tráfego ruim, Saulo afirma que a Prefeitura investirá em um dos corredores que elencamos como críticos: “Queremos fazer a continuidade da Avenida Brasil até a Estrada de Sapopemba para desafogar a Francisco Monteiro. Claro que vamos precisar de recursos e isso será difícil no primeiro ano, mas esperamos contar com fundos federais”, concluiu.

A população de Ribeirão espera ansiosamente pelos investimentos. Enquanto isso, só há um remédio: paciência.

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