Na segunda reportagem de nossa série “É bom viver aqui, mas poderia ser melhor”, iremos falar sobre transportes, mais especificamente sobre as duas Rodoviárias, a que está ativa e a que está em “extinção” e que, para muitos, até serve melhor do que a nova.
A nova rodoviária foi inaugurada em 30 de abril de 2009, em evento que contou com as presenças de figuras como o então governador José Serra, acompanhado da deputada estadual Vanessa Damo, do deputado estadual Orlando Morando entre outras personalidades, mas teve sua obra marcada por complicações.
Tudo começou em 2007, quando a Prefeitura assinou convênio no valor de R$ 3 milhões com o DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), órgão vinculado ao Governo do Estado de São Paulo. Em 2010, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), julgou irregular a licitação que foi vencida pela Eplan em 2006 e contou com sete das 11 candidatas eliminadas. Fora isso, um aditamento feito em 2007 também foi rejeitado pelo órgão. Desta forma, as punições somadas renderam um total de 200 Ufesps de multa de acordo com acórdão publicado em 1/11/11.
Mais além, a obra está erguida sobre um gasoduto da Braskem que transporta etileno, que, além de um produto altamente inflamável, apresenta riscos seriíssimos à saúde. Segundo documento da White Martins, renomada indústria química, a exposição ao produto pode causar câncer, problemas reprodutivos (infertilidade), queimaduras, problemas respiratórios, danos ao sistema nervoso, náuseas, convulsões catarata e até mesmo coma e morte. Supondo que haja um leve vazamento que deixe comerciantes e usuários expostos ao etileno, há riscos até mesmo de mutações. Ou seja: definitivamente, não é o melhor dos lugares para se erguer um terminal.
Mas, deixando tudo isso de lado, também houve diversas reclamações. Turistas, por exemplo, se queixam da falta de um ponto de táxi nas proximidades, como havia na antiga rodoviária. “Minha sogra chegou de viagem e teve que andar muito até encontrar um táxi que a levasse para minha casa. Esse serviço deveria ficar mais próximo”, afirmou o usuário Carlos S. Há também quem reclame do telhado, que foi alvo de reparos, da entrada e saída, que estão em obras, pois afundaram e também da prometida integração com o trem que poderia ser feita por meio do Cartão BOM ou até mesmo do Bilhete Único. Essas perguntas, ao lado do questionamento sobre o gasoduto, foram enviadas a Prefeitura, mas não foram respondidas. Isso posto, demanda-se que a Administração está ciente de todos estes problemas, mas não tem (ou não quer pensar em) qualquer solução para os mesmos.
Velha Rodoviária – A antiga sede do Terminal Rodoviário, na Rua Cidade de Santos, é alvo de grande polêmica. Já foi praça, virou terminal, deixou de sê-lo e agora não se sabe exatamente o que será de seu futuro. Hoje, sua cobertura está em processo de acelerado desmonte, mas há reclamações diversas que, inclusive, chegaram ao Ministério Público.
Há uma grande parcela da população que desejaria ver o local com sua configuração original, ou seja, uma praça. Outra parte se mostra animada pela presença de uma loja do Habib’s, uma das lojas que seriam instaladas no local, mas não vêem com tanta empolgação a chegada de outra loja DiGaspi, que, inclusive tem uma loja na própria Cidade de Santos. A prova de que o local – um dos mais nobres de Ribeirão Pires por conta da proximidade com a estação de trens – pode ter melhor uso é que até quinze dias atrás, serviu como uma espécie de espaço multiuso, oferecendo cerca de 100 vagas de estacionamento para carros e motos, sediando a Feira Noturna das quintas-feiras, espaço de recreação e até mesmo servindo de palco para o Desfile Cívico de 19 de março, aniversário de Ribeirão Pires. Coincidência ou não, eventos que poderiam ser mantidos em uma praça. Falando em vagas, no último dia 30 de agosto, levantamos a questão do estacionamento para os munícipes que fazem uso do Atende Fácil e a Prefeitura respondeu que, “nas áreas do entorno do Atende Fácil, há mais de 100 vagas de estacionamento rotativo disponíveis aos moradores”. Ou seja: os lugares, que se referiam justamente às vagas da rodoviária velha não existem mais e estacionar no Centro, que já era uma aventura, passará a ser ainda mais. Mas isso é assunto para outra matéria.
Em tempo: outra polêmica é em relação ao material usado para a cobertura, alumínio estrutural que, se comercializado, poderia valer milhões, mas isso é uma outra história Veja mais na página 14.