Funcionários públicos de Ribeirão Pires tem se mostrado insatisfeitos com a qualidade das cestas básicas distribuídas pela Prefeitura. Nossa reportagem constatou que vários dos produtos distribuídos são de má qualidade, inclusive o arroz, da marca Vale do Sul, que além de bichos, é quebradiço, semelhante à quirela e impróprio para o consumo. E os problemas continuam.
Por meio de uma lei municipal (5.143 de 27/12/2007) a Prefeitura concedeu o benefício para funcionários estatutários ativos e celetistas. Na época, o valor do crédito referente ao Auxílio Alimentação era de R$ 78, sendo reajustado anualmente todos os meses de julho. Hoje o valor descontado em folha é de R$ 94,48. A lei ainda exigia que a cesta deveria oferecer os seguintes produtos: 10 quilos de arroz tipo 1; 03 quilos de feijão e de açúcar; 01 quilo de café; meio quilo de farinha (trigo, mandioca e fubá); 01 embalagem de goiabada de 700g; leite em pó (800g); 01 quilo de macarrão e outro de sal; óleo, biscoito recheado e achocolatado em pó. Em caso de ocorrência de alta significativa de preços no mercado, que autorize o realinhamento do preço dos produtos integrantes da cesta básica, o referido aumento seria repassado para o valor do auxílio.
Nossa reportagem fez um comparativo com o valor e a qualidade dos produtos e constatou que, em média, a Prefeitura tem gasto cerca de R$ 720 mil a mais anualmente do que são necessários para comprar os mesmos produtos no atual mercado. Ou seja, se o funcionário fosse a um supermercado da região e comprasse os mesmos itens avulso, gastaria aproximadamente R$ 20 a menos que o atual valor pago pela Prefeitura teria produtos de melhor qualidade. Se a compra fosse feita em larga escala, a diferença sobe para R$ 32.
O SINEDUC (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Municipal) vem sugerindo à Prefeitura que conceda o benefício em forma de cartão de compras/alimentação ou em dinheiro, onde o funcionário pudesse comprar seus produtos nos estabelecimentos da região. “A cesta básica gera um desgaste desnecessário ao trabalhador que precisa vir buscá-la e em muitos casos não tem carro para fazê-lo, o que lhe causa inúmeras dificuldades. Alguns precisam pagar táxi para pegar a cesta, outros levam a cesta nas costas. Muitas pessoas não utilizam os alimentos contidos na cesta, mas necessitam de outros”, aponta Perla Freitas, presidente do sindicato.
Tendo em vista a insatisfação do funcionalismo, os sindicalistas colheram 1.033 assinaturas solicitando o fim do atual sistema de distribuição do benefício. “Não é de hoje que a qualidade dos produtos da cesta não condiz com o preço pago pela Prefeitura, como comprovam as centenas de assinaturas recolhidas em poucos dias”, ressalta Perla.
O prefeito Clóvis Volpi (PV) demonstrou em algumas ocasiões que não há interesse da Administração em alterar a forma de concessão do benefício. “O que o SINEDUC quer é que eu dê a eles a cesta básica para eles negociarem, comprarem e entregarem. O SINEDUC vem buscando essa divisão. O grosso dos professores vem recebendo mais atenção do que no passado”, ressaltou Volpi.
Perla tem outro ponto de vista: “O senhor prefeito nega-se a ouvir-nos. Todas as vezes que falamos sobre isto o Volpi simplesmente diz que manterá a cesta e sempre negou-se a continuar o assunto, demonstrando não querer mexer com isso”.
Enquanto a situação não se resolve, muitos funcionários têm abandonado as cestas (mesmo os que precisam) por não ser possível consumir os produtos oferecidos.