Uma crise na OSSPUB (Organização Social de Saúde Pública), responsável por administrar setores da Saúde Municipal, vem causando uma série de dificuldades no atendimento aos usuários do serviço público, em especial no Hospital São Lucas, onde, na manhã de ontem, os pacientes chegaram a observar bate-boca entre funcionários, ameaças de greve e ausência de servidores em setores básicos.
Desde o dia 24 do mês passado, quando uma manobra política afastou o presidente da organização, Edison Dias Junior, a gestão da OSSPUB entrou em colapso. Funcionários, que preferem não se identificar, explicaram a situação. “Eles mandaram embora todos os prestadores de serviço que eram de empresas terceirizadas para substituir por outras empresas ligadas ao grupo político ligado ao PT. O pagamento está atrasado. Além disso, tem uma pessoa lá que, por ter atuado na Secretaria de Segurança Pública, fica tocando o terror em quem ainda está trabalhando”, revela.
O atual presidente é Olavo Tarricone Filho, que antes fazia parte do Conselho Administrativo da entidade. Desde que assumiu o comando da organização, vem promovido mudança, inclusive no quadro de funcionários. Algumas empresas terceirizadas receberam aviso prévio, outras, Olavo rescindiu contrato sem qualquer justificativa.
Outro que assumiu parte da administração foi Sérgio Trani, cujo envolvimento político com o PT vem de longa data. Ele foi secretário municipal de Finanças do prefeito de Diadema, José de Fillipi Junior e do prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, além de também ter sido chefe de gabinete do deputado federal Cândido Vacarezza, todos do Partido dos Trabalhadores.
Atualmente a Prefeitura de Ribeirão Pires está em débito com a OSSPUB, devendo aproximadamente R$ 2 milhões. Como a entidade não tem fins lucrativos, indispõe de caixa, o que obriga a organização a atrasar os pagamentos a terceiros. Segundo uma fonte, que pede para manter a identidade preservada com medo de represálias, após a saída do antigo gestor, apenas duas empresas receberam os devidos pagamentos, dessa forma, Olavo e Sérgio supostamente favoreceriam duas empresas ligadas a eles enquanto as demais ficariam sem os vencimentos.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo publicou em seu site a liminar que autoriza Edison a retornar ao seu antigo posto. O documento, publicado dia 11 de novembro, afirma que, à primeira vista, não há indícios de que Edison tenha violado o Estatuto Social, fato que obrigaria a sua exclusão como associado. “Concedo a antecipação de tutela para sustar os efeitos da decisão do primeiro co-réu de excluir dos quadros associativos da segunda co-ré os autores”, declara a nova liminar autorizando Edison a reassumir a presidência da OSSPUB.
Nossa reportagem entrou em contato com Olavo, que transferiu para Sérgio a responsabilidade de dar qualquer esclarecimento. Sérgio, por sua vez, ignorou os questionamentos da reportagem e preferiu se manter em silêncio. Até o fechamento desta edição ambos se recusaram a dar explicações.