Falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), condições precárias de trabalho. Para o funcionário e cipeiro titular Mateus Moreira Brito, 48 anos, não está fácil desenvolver as atividades de ajudante de serviços gerais na Secretaria de Infraestrutura Urbana, em Ribeirão Pires. Ele relata diversos problemas. No que diz respeito aos equipamentos necessários para a segurança dos trabalhadores, ele pontua o estado das botas de alguns funcionários (veja a foto), e ainda a falta delas, já que alguns nem as possuem e trabalham de chinelo. Ele conta também que, no cemitério, alguns funcionários não usam luvas para fazer a exumação de cadáveres, e aqueles que as utilizam, as mesmas não são apropriadas para o serviço. “As luvas adequadas são as nitrílicas punho longo”, explica ele, que acrescenta: “Os Equipamentos de Proteção Individual, disposto na Norma Regulamentadora nº 6 do Ministério do Trabalho e Emprego, para os trabalhadores dos cemitérios (sepultadores, coveiros e oficial de obras) deve contemplar, no mínimo: Máscara PFF2 para poeira; Óculos de segurança para proteção dos olhos; Botas de PVC e cano médio; Protetor solar, chapéu ou boné e capa de chuva”.
Outras reclamações são referentes às condições de trabalho. Ele lista alguns dos problemas. “O antigo necrotério, localizado dentro do cemitério, é utilizado pelos funcionários como vestiário, refeitório e banheiro. Há apenas um banheiro, um chuveiro, um vaso sanitário para mais de 20 funcionários, entre homens e mulheres. Os carrinhos utilizados para transportar os restos mortais para o ossário são lavados ao lado do banheiro dos visitantes. É permitido que funcionários esquentem marmitas com álcool nas vias públicas, onde almoçam debaixo de sol e chuva e próximo à lixo”.
Mateus atuava na Secretaria de Infraestrutura Urbana, mas após uma discussão, foi transferido para a SEJEL (Secretaria de Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo).
No dia 19 de abril, um funcionário chamado José Neto Coutinho deu ordem à outros dois trabalhadores para recolherem restos de cadáveres em um caminhão de carroceria e permitiu, segundo Mateus, que o veículo, que já estava carregado e chegara do cemitério, estacionasse em frente ao refeitório, trazendo um grande desconforto aos funcionários que almoçavam no local. Foi sugerido que o funcionário retirasse o caminhão, mas o mesmo manteve o veículo no local.
Como o cheiro estava insuportável, um representante do almoxarifado acionou a Polícia Militar. Depois desse episódio, tanto o funcionário do almoxarifado, quanto Mateus, foram comunicados que seriam transferidos para a SEJEL.
No mesmo mês, houve uma outra discussão entre Mateus e outros dois funcionários da Infraestrutura, quando o primeiro comunicou que um caminhão estava sem freio de mão e sem afogador. Segundo Mateus, o gestor de transportes, Marcelo Pecegueiro, disse que não tinha satisfações para lhe dar e, em seguida, outro funcionário, de nome Francisco Carlos dos Santos, começou a discutir com o reclamante, proferindo palavras de baixo calão.
“Tem que mudar o modo de trabalho. O quadro de funcionários está lesado. Como cipeiro, tenho presenciado lesões graves, assédio moral”, fala Mateus, que já acionou um advogado para entrar com representação sobre as questões, no Ministério Público.
O Mais Notícias tenta desde a semana passada, um posicionamento da Prefeitura de Ribeirão Pires sobre as denúncias de Mateus, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno. Após o contato do Mais Notícias, Mateus disse que foi afastado do trabalho por 60 dias, para averiguação de processo administrativo.