A tradicional Festa do Pilar, que chega à sua 75ª edição, com início no dia 1º de maio (domingo), será mais do que um evento religioso. Será também pura história. A SEJEL (Secretaria de Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo), que organiza a ação, vem trabalhando não apenas o caráter religioso, mas o histórico cultural, voltado ao resgate da história dos primeiros povoadores do município, bem antes da chegada da família Pires.
Por muitos anos, visitantes estiveram no local sem saber que pisavam em um cemitério indígena e esse fato será contado durante a festa, por meio de 18 totens, que serão permanentes. Junto à versão indígena, o resgate histórico do cemitério também estará disponível nas versões negra/escrava e imigrantes/católicos. “A partir de hoje isso aqui é solo sagrado, independente de quem ou do que esteja enterrado aqui. É um cemitério e deve ser respeitado”, fala o pesquisador e professor de Literatura João Antonio Ramos, que trabalha na SEJEL.
“Quando nós nos demos conta do layout da festa, entendemos que tinha uma parte importante do Pilar que nunca foi escrita ou preservada, que é o cemitério, então, a SEJEL está preservando toda área do cemitério e nossa equipe está criando toda uma programação histórica e visual para que o turista, a hora que chegar, com uma simples leitura, entenda a mensagem dessa história”, fala o secretário da SEJEL, Luiz Gustavo Pinheiro Volpi, o Guto.
A versão de que a área abriga um cemitério indígena foi levantada pelo mestre do violão Robson Miguel, que é índio cafuzo (mistura de índio com negro). A sustentação da tese está relacionada à disposição dos ciprestes plantados no local. Ramos explica: “As árvores eram plantadas de acordo com a cultura indígena. Quando há dois ciprestes juntos, são dois da mesma família que estão enterrados ali. Quando você vê um cipreste isolado, é o cacique ou o pajé”. “Isso é uma tradição indígena ainda hoje”, acrescenta Robson, completando que o plantio da árvore tem como significado a longevidade.
O resgate da história vai além desse ponto. Lendo documentos do XVII, Guto constatou um pedido dos padres, que referia-se à pintura da igreja nas cores roxa, branca e verde que, na religião católica, representam o período da quaresma e a Páscoa. Como a Capela do Pilar é tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), do governo do Estado e, por isso, não pode ser modificada, a pintura será feita na escadaria, que é recente. Guto também afirma que o número de barracas será diminuído, “para que a festa volte a ter o perfil de duas décadas atrás, que era uma festa de raiz”. Com esse propósito, o secretário dez que não está preocupando em fazer estimativa de público. “Nossa maior preocupação é criar um resgate histórico e desse resgate criar uma situação permanente da história da cidade e para o turismo de Ribeirão Pires. A gente vai tentar despertar no público todas essas ações que estamos preparando e ele vai se interessar por isso, não tenho dúvida”, fala ele, que finaliza: “Nós só estamos no primeiro passo de uma grande transformação e o nosso grande sonho é não só entregar isso, mas que os gestores públicos futuros tenham a mesma cabeça da qual nós estamos tendo agora, e deem continuidade”.
Programação – Confira a programação da abertura da 75ª Festa do Pilar, no dia 1º de maio (domingo). O calendário completo do evento, que acontecerá até o dia 08 de maio, e conta com shows da dupla Teodoro e Sampaio, Renato Teixeira e Eliana Camargo e Caravana da Terra FM, será publicada nas próximas edições do Mais Notícias.
1º de maio: das 10h às 11h – Missa com o Padre José Silva; das 11h às 11h30 – Resgate histórico do Cemitério Pilar, com a presença de autoridades; das 11h30 às 13h – Robson Miguel, com a presença do Cacique Raoni, apresentará o Hino Nacional cantado em guarani por coral de índios; das 15h às 17h – Procissão e Missa Campal com os padres José Silva e Juarez Castro; 17h30 às 19h – Show católico com o padre Juarez Castro.
Equipes aceleram trabalho para local receber visitantes
Faltando menos de um mês para a tradicional Festa do Pilar, equipes da Prefeitura aceleram os trabalhos para deixarem o local pronto para os visitantes. Na semana passada, trabalhadores faziam serviços de corte de mato e manutenção geral da área.
A infiltração que atinge a Capela é um problema que também está sendo visto. Segundo o secretário da SEJEL, Guto Volpi, a Pasta está levantando um projeto no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico), que tombou o patrimônio em 1975, para ter conhecimento de quais empresas podem cuidar do trabalho e, então, poder começar os trabalhos nesse sentido.
Já o acesso à Igreja do Pilar – a Avenida Santa Clara, que conta com muitos buracos -, deve estar melhor até o início da festa. “A infraestrutura está trabalhando na Operação Tapa-Buraco”, disse Guto.