REFLEXÃO

Eliana Maciel de Góes

Médica Veterinária

CRMV 4534

Apesar de sua condição humana, o homem tem dentro de si uma parte animal, uma agressividade instintiva, a qual usa em sua defesa e que precisou domesticar para poder conviver em sociedade e se tornar civilizado. Porém, se alienou da sua natureza instintiva para viver exclusivamente da natureza racional, passando a se considerar o centro do Universo, o que tem levado a ter poder de vida e morte sobre todo ecossistema levando ao desequilíbrio ecológico que vem provocando danos ao planeta. Em sua relação com o reino animal, vive sentimentos ambivalentes de amor e ódio, projetados nas disputas como nos “esportes”, em caçadas, touradas, brigas de galo, ou em “diversões” como uso de animais nos circos, além do desmatamento indiscriminado que tem destruído não apenas o reino vegetal, mas animais de todas as espécies.

o homem tem dentro de si uma parte animal

Com a modernização, o animal que servia apenas de suporte passou a ser visto como de estimação e passou a ser tratado como membro da família e, assim, se viram impedidos de viver sua própria biologia: a atividade de busca e apreensão de alimentos, e o convívio com os de sua espécie. Muitas vezes o animal torna-se também o fiel depositário das neuroses familiares, adoecendo de estresse tanto quanto o homem civilizado. Na atualidade são treinados como agentes terapêuticos em diversas áreas, por exemplo, na equoterapia e cães guias para cegos. Mas apesar da extensa lista de serviços prestados ao ser humano, muitas vezes o animal não é tratado com dignidade e amizade. Se assim fosse, não seriam deixados famintos e abandonados à própria sorte. Usar os animais apenas para suprir  necessidades (concretas ou psicológicas) é o resultado da crescente alienação em que também o homem se encontra e que podemos observar na crescente agressividade humana. Especialistas em comportamento animal têm a convicção que os animais de estimação têm papel fundamental em grande parte da reabilitação, socialização e interiorização do ser humano e se esta integração for bem sucedida, talvez o homem seja capaz de recobrar a compaixão perdida pelos reinos animal e vegetal e consiga salvar o planeta.

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