Estação Ribeirão Pires: 133 anos de história nos trilhos

Local recebe obras da CPTM até setembro

De forma indubitável, os trens estão presentes em nossa história. A histórica estrada de ferro de Santos é uma mostra. A importância deste meio de transporte foi bastante evidenciada durante a paralisação dos caminhoneiros no último mês. E, devido à sua proximidade com a capital e com o Porto de Santos, Ribeirão Pires não poderia ficar de fora desta história.

Inaugurada em 1º de março de 1885 – 133 anos recém-completados -, a estação ferroviária Ribeirão Pires – Antônio Bespalec, desde seus primórdios, têm suma importância histórica. A estação que hoje atende aos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) pertencia originalmente à linha que ligava Jundiaí e Santos, administrada pela São Paulo Railway.  No entorno logo se formou colônia de imigrantes italianos, e mais tarde, a vila que deu início ao município que hoje conhecemos como Ribeirão Pires.

Às margens da parada cresceram núcleos de povoamento e comércio que desenvolveram a região. A chegada da ferrovia também impulsionou a extração de madeira para a fabricação de dormentes. A vila cresceu e se tornou município em 1953, emancipando-se da cidade de Santo André.

O conjunto ferroviário de Ribeirão Pires foi tombado como patrimônio histórico pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico) em 21/10/2010. Portanto, até hoje é possível se deparar com o passado: As escadarias, que passam dos 100 anos; os bancos de estilo clássico; a placa que indica a altitude da cidade em relação ao nível do mar; a arquitetura da estrutura em si.

Barzinho – Não há como não atrelar a histórica estação com o “barzinho” instalado ao lado do complexo ferroviário. Tombado pela Prefeitura em fevereiro deste ano, o chamado “Bar da Estação” é um dos últimos exemplares de toda a Estrada de Ferro original. Elemento obrigatório nas estações de metrópole e subúrbio, foi construído bem depois da estação, no começo dos anos 1930, por Jacyntho Gasperini, imigrante de Trento (Itália), que chegou a ter fábrica de cerveja no Brasil.

Desde sua inauguração, o singelo bar foi testemunha de várias gerações, que o transformaram em ponto de encontro para os moradores da vila ou para visitantes, que aguardavam a chegada do trem ou desembarcavam na cidade. Tomar um café no bar do seu Jacyntho era praticamente obrigatório. Com o passar dos anos, o barzinho resistiu à modernização e manteve-se praticamente inalterado, transformando-se em lanchonete pelas gerações que vieram na sequência. Até poucos anos atrás, o local ainda era frequentado pelos passageiros que utilizam os modernos trens da CPTM. Hoje, porém, com seu tombamento, é edificação charmosa que embeleza a cidade.

Obras – Conforme dito anteriormente, a CPTM é a atual administradora do complexo, que está ligada à Linha 10-Turquesa (Brás – Rio Grande da Serra). A Companhia está realizando investimentos de R$ 1,1 mi em intervenções de acessibilidade. As obras foram iniciadas em janeiro e a previsão de conclusão é setembro deste ano.

As obras de adequação de acessibilidade contemplam implantação de rampas, pisos direcionais de alerta ao longo das plataformas com sinalização de rota acessível, adequação da bilheteria e das plataformas para o embarque preferencial, rebaixamento de calçada, criação de baias para embarque e desembarque preferencial, reforma de sanitários, entre outros itens.

A CPTM aguardava, desde 2014, liberação de recursos prometidos pelo Governo Federal por meio do PAC da Mobilidade para reconstrução da Estação Ribeirão Pires – Antônio Bespalec. Porém, como no fim de dezembro de 2016 o Ministério das Cidades publicou portaria excluindo o projeto de modernização das estações do PAC, agora, tais intervenções têm sido realizadas com recursos do Governo do Estado.

Antônio Bespalec –  Hora de falar da pessoa que dá nome à estação. Antônio Bespalec foi emérito munícipe. Arquiteto e urbanista com importante trabalho na cidade, foi, secretário de Meio Ambiente na gestão do ex-prefeito Clóvis Volpi (2005-2012). Chegou a ser candidato a prefeito em 1996 e faleceu em 2008, deixando seu legado à cidade e recebendo a homenagem em meados de 2016.

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