Outono e inverno, duas estações do ano que trazem os temidos resfriados, gripes e problemas respiratórios. As chamadas doenças de inverno normalmente atingem a garganta e o aparelho respiratório. Seus alvos preferidos são as vias respiratórias superiores, no caso o nariz, a garganta, os ouvidos e os pulmões.
Nesta época do ano, a vilã mais comum já é conhecida: “a gripe é uma doença infecciosa viral, que ocasiona febre alta, dor muscular, coriza e tosse. Casos graves em pacientes debilitados podem levar ao óbito. Existe apenas um tipo de vírus, porém ele é muito instável e mutações e recombinações ocorrem com frequência, daí termos vários subtipos do vírus em circulação em um mesmo momento”, explica o Dr. Munir Akar Ayub – professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Segundo o infectologista, mudanças de clima, e ambientes pouco ventilados ajudam na transmissão: “no inverno há aumento dos casos de gripe porque as pessoas ficam mais perto umas das outras e os ambientes são menos ventilados, o que facilita a transmissão do vírus. Isso pode ocorrer em outras estações do ano em que ocorram mudanças bruscas de temperatura e também com outros vírus cuja transmissão seja igual à da gripe”.
Por isso é importante buscar por lugares abertos e ventilados porque evitam a concentração de vírus e bactérias. Portanto, abra as janelas do ônibus, não deixe as crianças confinadas e mantenha a casa arejada. Em relação a crianças e idosos, todo cuidado é pouco: “pessoas com sistema imunológico debilitado ou em formação têm a saúde mais frágil e estão mais suscetíveis a doenças”, orienta o Dr. Munir Akar.
Mas o que fazer para evitar ficar doente nestas estações no ano? O infectologista dá dicas: “é importante estar bem alimentado e hidratado, evitar ambientes fechados, evitar contato próximo com pessoas gripadas, lavar e higienizar (álcool gel) as mãos várias vezes por dia. Além disso, recomendamos a vacinação a todas as pessoas. O governo garante a vacina apenas ao grupo mais suscetível que são os idosos, as gestantes, os recém-nascidos, os indígenas, os profissionais da saúde e os portadores de doenças crônicas”.
Para tratamentos, é importante que as pessoas procurem um médico para identificar qual é a doença, assim terá uma opção terapêutica especifica, é importante ressaltar que os tratamentos são sempre individualizados seguindo sempre a necessidade de cada paciente e, principalmente, nunca se auto medicar.
Veja a seguir onze doenças comuns de inverno e a forma de prevenção:
1 – Gripes:
Sintomas: Febre alta, tosse, secreção nasal, dor de garganta, dor de cabeça e pelo corpo, cansaço físico.
O que é: É um problema respiratório causado pelo vírus influenza. Ao contrário do que muita gente pensa, não tem nada a ver com o resfriado, cujos sintomas são mais leves. O influenza consegue se apoderar de células das vias aéreas e, para conter essa invasão, o sistema imune recruta anticorpos e dispara uma baita reação inflamatória. No final das contas, não é apenas o aparelho respiratório que sente o ataque — o corpo inteiro padece de dores e daquela sensação de moleza. O impacto da agressão varia de acordo com as condições do hospedeiro — não por menos, a gripe costuma ser mais nefasta para os bebês e para quem já passou dos 70 anos.
Prevenção: Lavar sempre muito bem as mão, evitar o contato com pessoas com sintomas da gripe e, se possível, não frequentar locais apinhados de gente, como creches, estações de trem e aeroportos – todas essas ações contribuem para frear o contágio. Uma medida excelente, recomendada sobretudo a crianças pequenas e idosos, é tomar a vacina. Ela ensina o sistema imune a criar um pelotão atento, capaz de desmobilizar o ataque do influenza.
2 – Resfriados:
Sintomas: Espirros, congestão nasal e coriza.
O que é: Trata-se de um problema bastante comum que acomete as vias aéreas superiores — especialmente o nariz. Diferentemente da gripe, os sintomas são bem mais brandos. São vários os autores da encrenca — todos vírus, vale frisar. A quadrilha pode ser formada por rinovírus, parainfluenza e alguns tipos de adenovírus. Eles acabam agredindo a mucosa do nariz e, como resposta, o organismo ordena a produção de muco para eliminá-los.
Prevenção: A higiene das mãos e do nariz é o jeito mais seguro de evitar a contaminação pelos vírus. Um estilo de vida saudável ajuda a fortalecer o sistema imunológico, tornando-o mais eficiente para expulsar qualquer agressor. Até porque os agentes do resfriado não podem ser detidos por vacinas.
3 – Rinite:
Sintomas: Coceira e irritação no nariz, coriza, espirros e congestão nasal.
O que é: É a inflamação da mucosa que reveste o nariz. É muito comum que seja deflagrada por uma alergia: o organismo encara moléculas presentes na poeira e no mofo, por exemplo, como inimigos, e não demora a disparar o que se chama de cascata inflamatória. Como não é possível eliminar completamente aqueles elementos que atiçam as defesas do corpo, o nariz torna-se uma região constantemente inflamada. Vírus, bactérias e fungos, além de fatores irritantes não-alérgicos, como odores fortes, também podem desencadear a inflamação.
Prevenção: Evite locais pouco ventilados, onde há acúmulo de poeira e mofo. O tratamento preventivo com medicamentos deve ser prescrito por um especialista.
4 – Sinusite:
Sintomas: Obstrução nasal, dor de cabeça, dor no rosto, coriza, tosse, alteração ou ausência do olfato. Sintomas menos óbvios, como rouquidão e tontura, também podem estar associados à doença.
O que é: É a inflamação ou infecção dos seios da face, as cavidades que ficam no interior dos ossos, ao redor do nariz, da maçã do rosto e dos olhos. Como ela sempre vem acompanhada de uma rinite, os especialistas chamam de rinossinusite. O processo infeccioso pode ser desencadeado por diversos fatores, como alergia, fungos, vírus e bactérias. Cerca de 95% dos casos de sinusite bacteriana surgem depois de uma gripe, muito comum neste período do ano. Vale lembrar que pacientes com desvio de septo, pólipos nasais ou qualquer alteração que impeça a ventilação dos seios da face são fortes candidatos à sinusite.
Prevenção: Quem sofre de sinusite crônica deve tomar cuidados como beber bastante líquido para se manter hidratado – isso deixa o muco menos denso, o que facilita sua eliminação. Evitar cigarro e ambientes muito poluídos também protege a mucosa contra inflamações. As vacinas antipneumocócicas ajudam a combater um dos tipos de bactéria que podem causar a sinusite, os pneumococos.
5 – Laringite:
O que é: É a inflamação da laringe (região da garganta onde estão as cordas vocais). Trata-se de uma doença que pode aparecer sozinha, ou também ser um sintoma de bronquite, pneumonia e de outras infecções respiratórias.
Sintomas: A laringite não causa muita dor, mas provoca rouquidão e tosse seca. Em geral, a voz do doente vai enfraquecendo ao longo do dia.
Agentes: Os causadores da laringite podem ser vírus, bactérias e agressões ambientais como bebidas muito geladas.
Prevenção: Não fumar, não tomar bebidas geladas, não compartilhar talheres e copos, repusar a voz, dormir bem, não gritar.
6 – Otite:
Sintomas: Dor de ouvido e febre.
O que é: O problema que aflige principalmente a criançada é uma inflamação numa porção mais interna do ouvido, a chamada orelha média. Ela surge quando vírus ou bactérias que penetram as vias respiratórias conseguem migrar para a orelha. Os agentes por trás da gripe e do resfriado e a bactéria pneumococo, que também causa a pneumonia, estão entre os principais vilões. Num quadro de otite, o processo inflamatório vem acompanhado do acúmulo de secreções purulentas e, claro, das dores.
Prevenção: Crianças vacinadas contra a gripe correm menos risco de desenvolver otite. Manter as vias aéreas sempre limpas, aplicando, por exemplo, o soro fisiológico no nariz também evita o problema no ouvido, já que se protege a porta de entrada para vírus e bactérias. Para prevenir a infecção pela bactéria pneumococo, a recomendação é tomar uma vacina, a 7-valente, que livra o organismo de sete variações da dita cuja. O imunizante, que ainda não está na cartilha oficial de vacinação, deve ser aplicado em quatro doses (aos 2, 4 e 6 meses de idade e com um reforço aos 15 meses).
7 – Bronquite:
Sintomas: Tosse, falta de ar, expectoração excessiva, febre, chiado ou dores no peito.
O que é: Trata-se da inflamação dos brônquios, uma espécie de tubo que sai da traqueia para conduzir o ar até os pulmões. O problema pode ter origem alérgica ou ser deflagrado por vírus e, mais raramente, bactérias. Quando o sistema imune dá bobeira, uma gripe é capaz de abrir a porteira para a complicação nos brônquios. Eles ficam mais contraídos e, com isso, a respiração se torna penosa. Substâncias tóxicas, encontradas no cigarro ou no ar poluído, também têm potencial para desencadear a bronquite.
Prevenção: As medidas que afastam gripes, resfriados e afins também garantem a proteção contra a bronquite – ou seja, lavar bem as mãos e, quando possível, evitar aglomerações. Pessoas com histórico do problema são até aconselhadas a tomar a vacina contra a gripe. Dieta balanceada, sono de qualidade e uma baixa a agentes tóxicos, como os do cigarro, também são boas estratégias para deixar os brônquios em paz. Manter os ambientes da casa livres de poeira e mofo é útil para prevenir crises da doença quando ela está vinculada a processos alérgicos.
8 – pneumonia:
Sintomas: O começo da pneumonia é bem parecido com uma gripe comum. Os principais sintomas são febre, mal-estar e tosse. Pode haver respiração curta e ofegante, além de dores no tórax.
O que é: Trata-se de uma inflamação ou infecção que ataca os pulmões, sobretudo quando o sistema de defesa foi debilitado por outro problema, como gripe, tuberculose, alcoolismo, fumo, diabete e males do coração. Pode ser causada por diversos microorganismos, como fungos, vírus, parasitas e bactérias. Uma vez nos pulmões, esses micróbios se instalam nos alvéolos — estruturas onde ocorrem as trocas gasosas—, prejudicando a respiração. A mais comum é aquela desencadeada por bactérias pneumocócicas, as mesmas que podem provocar otite ou sinusite.
Prevenção: A vacinação é a única maneira de prevenir a doença. Tanto o imunizante que protege contra o vírus influenza, causador da gripe, como as vacinas antipneumocócicas evitam que o corpo abra uma brecha à pneumonia.
9 – Meningite:
Sintomas: Febre, dor de cabeça, fotofobia, vômito, pescoço rígido e manchas roxas no corpo. Nas crianças, os mais comuns são febre ou hipotermia ¬– queda de temperatura – e recusa alimentar.
O que é: É a inflamação das meninges, finíssimas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Quando desencadeado por bactérias, o problema costuma ser mais grave do que sua versão viral. Entre as mais comuns está a hemofilus influenza do tipo B (a vacina contra essa bactéria é contemplada pelo calendário nacional de vacinação do governo). A chamada meningocócica evolui rapidamente – às vezes leva à morte em questão de horas. Já a pneumocócica, outro tipo bacteriano comum, pode surgir depois de uma sinusite ou uma otite, por exemplo, já que às vezes é causada pelo mesmo micróbio que desencadeia essas inflamações. Existem ainda casos menos frequentes em que a doença é provocada por fungos.
Prevenção: No outono e no inverno, o ideal seria evitar aglomerações em locais fechados, que facilitam a proliferação de microorganismos. Para imunização contra a bactéria hemofilus influenza tipo B, uma das principais causas de meningite em crianças menores de 5 anos, basta procurar um posto de saúde público, já que ela faz parte do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Existem também vacinas antipneumocócicas e antimeningocócicas, mas elas são encontradas somente em clínicas privadas. O Ministério da Saúde estuda a possibilidade de acrescentar uma delas em seu calendário oficial.
10 – Asma:
Sintomas: Tosse, chiado, sensação de pressão no peito e falta de ar.
O que é: É uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Os brônquios, tubos que levam o ar da traquéia em direção aos pulmões, são os principais alvos. O que a diferencia da bronquite é o fato de não ter cura – um paciente com asma sempre terá asma. As crises podem ser desencadeadas por ar seco, infecções, refluxo gastroesofágico, exercício físico, entre outros fatores. Esses estímulos provocam estreitamento das vias, dificultando a passagem do ar.
Prevenção: Como fatores alergênicos e que causam irritação podem favorecer uma crise, é importante ficar de olho na ventilação do ambiente e no acúmulo de pó em roupas e objetos. Exercícios físicos mais leves orientados pelo médico e apropriados para quem enfrenta o problema também ajudam.
11 – Bronquite:
Sintomas: Falta de ar, chiado no peito, respiração ofegante, tosse seca, secreção nasal (no começo, o catarro tem cor e textura semelhantes às da clara de ovo), febre baixa.
O que é: Uma inflamação nos bronquíolos, estruturas que se ramificam a partir dos brônquios para transportar o ar até os pulmões. O problema costuma atacar crianças de até seis anos de idade — especialmente os recém-nascidos. A maioria dos casos é causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que entra pelas vias respiratórias e consegue viajar até os bronquíolos, destruindo as células que os revestem. Para se defender, o sistema imune dispara um processo inflamatório. Isso faz com que essas estruturas fiquem inchadas e recheadas de secreção. Resultado: o ar passa por ali com muita dificuldade. Pessoas acima de 60 anos também são mais suscetíveis à doença, que às vezes é acompanhada de pneumonia. Nesses casos, o motivo pode ser desde uma infecção viral ou bacteriana a um contato com substâncias químicas.
Prevenção: Ainda não há vacina que combata o vírus sincicial respiratório (VSR). Para diminuir o risco de contrair o problema, é importante manter o organismo hidratado bebendo muito líquido. Outra medida é deixar o nariz sempre limpo — você pode higienizá-lo com o próprio soro fisiológico. Evitar exposição a aglomerações, como estações de metrô ou creches, também ajuda a manter o vírus à distância.