Câncer na laringe, que atinge Lula, acomete mais homens do que mulheres

No último sábado (29), o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diagnosticado com câncer na supraglote, localizada na laringe.

O câncer de laringe ocorre predominantemente em homens e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), em 2008, o câncer de laringe provocou a morte de 3.594 pessoas, sendo 3.142 homens e 452 mulheres.

Uma das funções da laringe é carregar o ar da respiração até o pulmão

Por ano no Brasil, são diagnosticadas 10 mil pessoas com câncer de laringe – cuja função é carregar o ar da respiração até o pulmão, produzir a voz e impedir que os alimentos entrem nas vias respiratórias. Em São Paulo, esse tipo de tumor é três vezes maior que a média mundial, por causa da poluição e do tempo seco.

Aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na corda vocal verdadeira, localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais), como é o caso de Lula.

Sintomas – Os sintomas estão diretamente ligados à localização da lesão. Assim, a dor de garganta sugere tumor supraglótico, e rouquidão indica tumor glótico ou subglótico. O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros sinais, como alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de “caroço” na garganta. Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, podem ocorrer dor na garganta, disfagia e dispnéia (dificuldade para respirar ou falta de ar).

Detecção precoce – O sintoma mais comum é a rouquidão persistente e sem causa aparente. Ela é diferente da rouquidão relacionada ao esforço vocal ou à laringite ligada a processos gripais, pois não vem acompanhada de febre ou dor, é progressiva e persiste. Caso tenha rouquidão, sem motivo aparente por mais de duas semanas, procure um médico, pois quando diagnosticado em estágio inicial, as chances de cura são de até 90%. Até a fase intermediária, as chances caem para 60%.

Tratamento – De acordo com a localização e a extensão do câncer, ele pode ser tratado com cirurgia e/ou radioterapia e com quimioterapia associada à radioterapia. Quanto mais precocemente for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de o tratamento evitar deformidades físicas e problemas psicossociais, já que a terapêutica dos cânceres da cabeça e do pescoço pode causar problemas nos dentes, fala e deglutição.

Como a preservação da voz é importante na qualidade de vida do paciente, algumas vezes a radioterapia pode ser empregada primeiro, deixando a cirurgia para o resgate, quando a radioterapia não for suficiente para controlar o tumor.

Mesmo em pacientes submetidos à laringectomia total (retirada da laringe), é possível a reabilitação da voz através de próteses fonatórias tráqueo-esofageanas.

Álcool e tabaco são os maiores inimigos da laringe

As bebidas alcoólicas e o cigarro, como todos sabem, são grandes vilões da saúde. Fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe. Em pessoas que associam o fumo a bebidas alcoólicas, esse número sobe para 43. Má alimentação, estresse e mau uso da voz também são prejudiciais. A alimentação precisa conter proteína (frango ou peixe, preferencialmente), associada a legumes, verduras e frutas ricas em vitaminas (em especial A, B2, C e E) e sais minerais. Deve-se evitar alimentos muito temperados ou gordurosos e líquidos muito quentes ou muito frios. Falar muito alto e sem pausas causa os chamados calos vocais. Pacientes com câncer de laringe que continuam a fumar e a beber têm probabilidade de cura reduzida e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor na área de cabeça e pescoço.

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