Vandalismo não resolve absolutamente nada

No último final de semana, tivemos uma mostra de como anda o nível de educação da sociedade brasileira com a invasão do Centro de Treinamentos do Sport Club Corinthians Paulista, em São Paulo, por mais de uma centena de desocupados que, sob a desculpa de “protestar contra a má fase do time” agrediram e furtaram o patrimônio do clube que supostamente torcem, além de funcionários e até mesmo o jogador Paolo Guerrero, autor do gol que deu o segundo título mundial ao clube em 2012, que foi esganado, segundo relato do presidente corinthiano Mario Gobbi.

O ato de selvageria que causou revolta generalizada independente de futebol trouxe à tona mais uma vez a discussão sobre os limites entre público e privado e entre o real e o virtual. Segundo informações, o ato foi combinado por meio de redes sociais e as pessoas mostraram absoluta falta de respeito pela vida humana e pela propriedade privada. Sob os gritos de que o Corinthians é o “time do povo”, adentraram o local de trabalho dos atletas para fazer cobranças absolutamente infundadas, ainda mais se considerarmos que estamos falando de futebol, ou seja, de um esporte.

A cada relato posterior, o ato se prova ainda mais insano. Jogadores foram obrigados a se esconder na casa de máquinas das piscinas, portas foram quebradas, manifestantes flagrados sob aparentes sinais de embriaguez e uso de entorpecentes e até mesmo a polícia que teve uma atuação passiva diante dos fatos – ainda que depois tenha justificado a inércia por não ter recebido queixas do clube sobre o fato escancarado aos olhos dos oficiais.

Esse ato se soma a uma série de outros que mostram o quão errada está a noção de revolta de nossa sociedade. Nos protestos do ano passado tivemos saques, depredações e inúmeras agressões como, por exemplo, contra o prédio das prefeituras de São Paulo e Ribeirão Pires, além de inúmeras lojas da Avenida Barão de Mauá, por exemplo. Este ano, temos uma média superior a um ônibus queimado por dia.

Realmente, será que as coisas inanimadas têm culpa nos males de nossa sociedade? Será que jogadores de futebol são os únicos culpados pelo mau momento de um time? Será que a culpa não é nossa enquanto cidadãos? Sim, pois elegemos nossos dirigentes e se eles não têm capacidade para desempenhar as funções a contento, a culpa é exclusivamente nossa. Cabe ressaltar que os governos federal, estadual e municipal, a despeito das inúmeras queixas dando conta da falta de recursos, têm sim muito dinheiro, já que foram arrecadados R$ 1,7 trilhão em tributos só no ano de 2013, segundo o impostômetro. Ou seja: o problema da administração pública é organização, é gestão. Se fosse feita apenas a chamada “lição de casa” (cortar o desnecessário para focar no imprescindível, como todos nós fazemos) teríamos uma gestão pública muito melhor.

Protesto com quebradeira, pichações e saques não passa de vandalismo. E isso, além de desqualificar qualquer requerimento, faz com que as melhorias sociais não cheguem conforme esperado. Toda a manifestação é válida, desde que feita contra o alvo correto.

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